A gloriosa revolução egípcia deu um exemplo a todos os povos do mundo e um novo e decisivo passo na expansão da revolução árabe. Hosni Mubarak, o ditador odiado e o mais importante agente do imperialismo e de Israel na região, foi obrigado a sair pela açãO centro deste gigantesco processo esteve na Praça Tahrir (da Libertação), na capital Cairo. Milhões de egípcios exigiram “Fora Mubarak” e o regime. A ocupação da praça se tornou a expressão do poder do povo mobilizado, em oposição ao regime e a suas instituições que não conseguiam mais governar. O governo mandava acabar com a ocupação da praça e ninguém obedecia; decretou toque de recolher, mas as massas não lhe davam ouvidos. O processo se espalhou pelo país inteiro, e pudemos ver as massivas manifestações em grandes cidades como Alexandria, Suez e Port Said, entre outras.

Com o país paralisado, o governo orquestrou uma tentativa contrarrevolucionária de ataque violento aos manifestantes, com o objetivo de derrotá-los e esvaziar a Praça Tahrir. Apesar da passividade do exército e da covardia de um ataque de bandos armados contra manifestantes desarmados, os ocupantes da praça não se deixaram intimidar e expulsaram corajosamente os bandos do regime, compostos por policiais e mercenários.

Negociações
Ao mesmo tempo em que atacava o movimento revolucionário, o governo chamou ao diálogo as forças de oposição toleradas, com a participação dos seguidores de El Baradei e da Irmandade Muçulmana. Apesar de essas forças não terem chegado a fechar nenhum acordo com o regime, sua participação significou de fato a legitimação de uma tentativa de transição negociada. Como resultado, foram apenas anunciadas “reformas constitucionais” até as eleições de setembro e promessas de “concessões” vazias.
As massas não acreditaram nessas manobras e continuaram exigindo a imediata saída de Mubarak, mantendo a ocupação da praça no Cairo e nas principais cidades do país.

Onda de greves
Já nos últimos dias, a classe operária e os trabalhadores começaram a intervir de forma decisiva com sua mais poderosa arma: a greve. Expressão disso foi a entrada em cena dos operários do canal de Suez, dos trabalhadores da saúde e dos transportes no Cairo, bem como dos trabalhadores das telecomunicações. Até mesmo os trabalhadores de órgãos de imprensa como o Al Ahram resolveram parar contra o regime.
Essa onda de greves que juntava reivindicações por melhores condições de vida, à exigência de saída de Mubarak, foi paralisando a economia egípcia, o que comprometeu os interesses da burguesia nacional e internacional. Os trabalhadores demonstravam, assim, que enquanto Mubarak estivesse no poder eles iriam até o limite para conseguir o que queriam.

O exército foi incapaz de reprimir diretamente as mobilizações e se manteve assistindo às marchas massivas e à ocupação da praça. O contato constante dos soldados e da baixa oficialidade com os manifestantes aprofundou os elementos de crise no exército. Isso foi tornando cada vez mais perigosa uma possível ordem da cúpula de repressão em massa, que poderia ter como resultado imediato a divisão do exército frente à força revolucionária do povo egípcio.

Mubarak é obrigado a renunciar
Frente à insustentável manutenção de Mubarak, o imperialismo começou a procurar uma “transição segura”. O objetivo era garantir um “governo leal”, cuja tarefa fosse “estabilizar” o país, mantendo as instituições centrais do regime, com algumas concessões democráticas. O imperialismo apostou na cúpula do exército para levar a cabo essa tarefa. O exército tem uma ligação orgânica com o imperialismo, além de ser o pilar fundamental do regime e força repressiva, e ainda preserva certo prestígio entre as massas.

Frustrando a expectativa da população, na noite de 10 de fevereiro Mubarak anunciava na TV a sua manutenção no poder com a transmissão de alguns poderes para Suleiman.
Em resposta, a população na Praça Tahrir e em todo o país radicalizou os protestos marcados para o dia 11. Na mesma noite, os manifestantes cercaram espaços centrais como o palácio presidencial e a estação estatal de TV, protegidos pelo exército. A situação se tornou alarmante, particularmente para a cúpula das Forças Armadas, pois colocava a possibilidade real de enfrentamentos dos manifestantes com os organismos de segurança. Mas a crise no exército não garantia que os solados pudessem frear uma tentativa de tomada destes edifícios pela população.

Com a ampliação massiva dos protestos e a perda definitiva do controle por parte do regime, Suleiman foi obrigado a anunciar na TV a renúncia de Mubarak e a entrega da condução do país ao Comando Central do Exército. A saída de Mubarak foi uma conquista enorme, imposta pelas mobilizações das massas e, por isso, sentida com enorme alegria e emoção.

Post author Declaração da LIT
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