Com petista,patamares de desemprego não apenas se consolidaram como aumentaramDurante a década de 90, o desemprego explodiu, como resultado da política de abertura comercial e financeira. O aumento das importações fechou definitivamente uma grande quantidade de postos de trabalho, ao mesmo tempo em que a política de juros altos – estabelecida pelo governo na tentativa de atrair capital externo para financiar essas importações –, reduziu os investimentos e, por conseqüência, o emprego. A abertura financeira permitiu a qualquer pessoa enviar para o exterior qualquer quantia, a qualquer tempo, levando o governo a elevar à estratosfera as taxas de juros sempre que houvesse qualquer crise internacional, na tentativa de manter os investidores no país. Isto ocorreu em 1995 (crise do México), 1997 (crise da Ásia), 1998 (crise da Rússia) e 1999 (crise do Brasil), quando a taxa de juros foi elevada a cerca de 40% ao ano, matando a economia. As taxas de juros permanecem altas até hoje, como reflexo dessa livre movimentação de capitais.

No gráfico, podemos verificar que, desde os anos 90, o desemprego subiu em todas as regiões metropolitanas pesquisadas pelo DIEESE.

Vemos também, pelo gráfico, que o governo Lula consolidou esse patamar altíssimo de desemprego, estabelecido por FHC. Na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, quase 1/5 dos trabalhadores estão desempregados, o dobro do observado em 1990, quando apenas um entre cada dez trabalhadores estava sem emprego. Esse é o resultado da manutenção – e até mesmo o aprofundamento – da política econômica de FHC: juros altos e cortes de gastos sociais para o pagamento da dívida.

Mesmo se compararmos o nível de desemprego de 2004 com o de 2002 (último ano de FHC), o resultado é desfavorável ao governo Lula. A tabela abaixo (com os mesmos dados do gráfico), mostra que, na maioria das Regiões Metropolitanas, o desemprego em 2004 ainda foi maior que em 2002.

Observamos que no Distrito Federal, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte o desemprego de 2004 foi maior que o de 2002; em São Paulo, o desemprego caiu apenas 0,15% e em Salvador caiu 1,7%. Quando ponderamos essa evolução do desemprego pela População Economicamente Ativa de cada Região Metropolitana, vemos que a taxa de desemprego geral, de 19,49% em 2002, passou para 19,74% em 2004. Ou seja: o tão propalado aumento do emprego em 2004 não compensa nem mesmo a explosão do desemprego ocorrida em 2003.

No quesito renda dos salários, o resultado também é desfavorável ao governo do PT: os salários recebidos pelos trabalhadores brasileiros estão bem abaixo do que recebiam em 2002. Em abril deste ano, o salário médio recebido pelos trabalhadores era de R$ 948,83, enquanto no mesmo mês de 2002 ele era de R$ 1.115,17 (em valores atualizados monetariamente para maio de 2005).

A situação não é diferente quando analisamos a informalidade dos postos de trabalho. Durante todo o governo Lula, o percentual de empregados com carteira assinada foi menor que no último ano de FHC. Somente em maio deste ano, Lula conseguiu “vencer” FHC, porém, por muito pouco: 45,3% contra 45,2% no mesmo mês de 2002. É sempre importante lembrar que a informalidade cresceu sobremaneira na era FHC, e o governo Lula também está consolidando esse novo patamar de informalidade nas relações de trabalho.

É impossível para Lula reverter a explosão de desemprego e informalidade ocorrida na era FHC sem mudar a política econômica de seu antecessor. Infelizmente, em vez de reverter a política de superávit primário, o governo Lula planeja aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional para aumentar ainda mais o superávit. Mantém as taxas de juros na estratosfera a pretexto de combater a inflação, mas aumenta as tarifas públicas muito acima da média geral dos preços. Corta gastos sociais (como fez em fevereiro deste ano) e cria, na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2006, uma limitação inédita (de 17% do PIB) às chamadas “despesas correntes primárias” que, claro, não incluem os gastos com juros, que permanecem sem limite.

Aprofundar a política econômica de FHC é aprofundar o desemprego.

Post author Rodrigo Vieira de Ávila, especial ao Opinião Socialista
Publication Date