Não bastasse o absurdo aumento do preço do leite no último período, o trabalhador brasileiro pode enfrentar mais um aumento num produto básico de seu café da manhã. Produtores e importadores de trigo ameaçam elevar o preço do produto, que se refletiria diretamente no aumento do tradicional pãozinho francês.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral, exige do governo a redução da tarifa de importação da matéria-prima. Caso contrário, os representantes do setor ameaçam aumentar em até 13% o preço do produto. Amaral pressiona a Câmara de Comércio Exterior (Camex), formada por sete ministros, para a redução da Tarifa Externa Comum (TEC), imposto que incide sobre as importações.

Os produtores argumentam a necessidade de aumentar a importação do trigo de países fora do Mercosul, esses já isentos de taxas. Nos últimos meses o Brasil importou o trigo da Argentina, que resolveu reduzir suas exportações o que, para os representantes do setor, obrigaria a busca pela importação de outros países. Os empresários exigem ainda o fim da cobrança do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).

A Câmara de Comércio Externo já negou o pedido de redução da TEC, mas afirmou que tal decisão pode ser mudada caso os estoques de trigo no país não sejam suficientes para a demanda.

Susto na hora de comprar o leite
Se o aumento no preço do pão é uma grave ameaça, a inflação que atinge o preço do leite já é uma dura realidade. Só nos meses de abril e maio, o preço do leite longa vida subiu mais de 60% em São Paulo. Levantamento da Associação Paulista de Supermercados mostra que o litro vendido a R$ 1,40 em maio chega a R$ 2,50 em junho.

Embora os produtores aleguem que o aumento do preço é fruto do período de entressafra, faz anos que o leite aumenta numa proporção bem maior que a inflação. A variação do produto no acumulado de dezembro de 2001 a maio de 2009 chega a 112%, enquanto a inflação foi de 64%.

Embora o governo e a imprensa aleguem que a inflação está controlada, ela atinge produtos básicos da mesa dos trabalhadores.