O desarmamento é parte de uma política do governo dos EUA para desarmar os povos latino-americanos enquanto expande suas bases militares. Trata-se de uma ação preventiva diante de possíveis rebeliões. Num debate recente sobre o referendo, com o deputado João Alfredo (P-SOL), um promotor de Justiça afirmou corretamente que “essa é uma campanha norte-americana de desarmar países para cada vez mais impor o seu poderio militar”.

Repressão aos lutadores
Isso não tem a ver somente com uma realidade futura. Hoje, os jagunços dos latifundiários massacram os camponeses que ocupam terras, com a cumplicidade da PM. Entre 1985 e 2002, 1.280 lideranças rurais foram assassinadas e só sete dos assassinos foram condenados. Por outro lado, 6.300 camponeses foram presos. No governo Lula, esse quadro de impunidade da violência contra os camponeses manteve-se, com mais mortes de lideranças do que no governo FHC. Os ataques mais recentes foram realizados no dia 5 de outubro, quando 50 policiais invadiram e queimaram o acampamento das famílias atingidas pela obra de Campos Novos, em Santa Catarina, e no dia 17 de setembro, quando 150 homens armados destruíram uma igreja, um hospital e uma escola no Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol. De acordo com a Polícia Federal, esse grupo é responsável por três outros ataques à comunidade e três seqüestros de missionários em 2004.

Como defender, como faz o MST, o desarmamento de camponeses que ocupam terras, mesmo sabendo que os jagunços dos fazendeiros vão continuar armados, e terão o apoio da polícia? O MST acredita que os latifundiários e seus jagunços vão se desarmar de acordo com o resultado do referendo e passarão a seguir a lei? Ou será que a direção do MST acha que os sem-terra e outros trabalhadores não têm o direito de se defenderem dos ataques que sofrem nas suas lutas?

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