Morreu Lélia Abramo. Uma das mais importantes atrizes brasileiras nos deixou neste 9 de abril, aos 93 anos. Lélia teve uma vida intensa, dedicada integralmente à sua grande paixão, o teatro, e também à sua grande obsessão, a emancipação da classe trabalhadora e a construção do socialismo.
O PSTU presta aqui uma homenagem a Lélia, uma mulher que dedicou sua vida à arte, mas não a uma arte desligada da vida concreta dos homens e mulheres deste país. Procurou sempre mostrar que a arte num país dominado pelo imperialismo, espoliado pela burguesia, onde campeia a fome, a miséria, o desemprego e a opressão, não pode ser uma arte alienada. E tampouco o artista deve se omitir, mas estar onde o povo desse país espoliado estiver. Por isso, definiu cedo seu lado na vida, o lado da classe operária, e colocou a fama que angariou como atriz a serviço das lutas dos trabalhadores. A TV Globo lhe fechou as portas. Mas a classe trabalhadora abriu-lhe o coração.
Lélia foi a mais combativa e querida presidente do Sindicato dos Artistas de São Paulo, entidade que arrancou das mãos dos pelegos em 1977, encabeçando uma diretoria que tinha entre seus membros companheiros da Convergência Socialista. Ficou no posto até 1981, lutando com muita garra pela dignidade do artista, desprezado pela burguesia e pela indústria cultural.
Sem medo e com muita altivez, combateu a ditadura e a censura. Participou da construção do PT, quando isso ainda significava um estigma para o artista. Subiu nos palanques para gritar, com sua voz de atriz, clara e emocionada, que os trabalhadores deviam confiar apenas em suas próprias forças para combater a miséria e a opressão. E que, nessa caminhada, poderiam contar com os artistas.
Como trotskista, Lélia sabia que só a organização independente dos trabalhadores poderia fazer avançar a luta pelo socialismo. E por isso, não economizou esforços nesse caminho. Foi uma combatente a serviço dessa causa até o fim de seus dias.
No Teatro Municipal, em meio às flores e aos amigos, nos despedimos de Lélia pela última vez. E deixamos aqui nossa homenagem a essa lutadora, com a qual tivemos a honra de militar lado a lado, num momento intenso de nossas vidas. Com sua morte, os artistas e toda a classe trabalhadora perdem uma mulher de coragem, que marcou toda uma época de grandes lutas no Brasil e que por isso revelou grandes personalidades.
Companheira Lélia, presente!
Post author Cilinha Garcia e Robson Camargo, especial para o Opinião Socialista
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