O Brasil está vivendo um  desses raríssimos momentos da história em que as massas estão na ofensiva e as classes dominantes e os governos na defensiva.
O normal dentro do capitalismo e da democracia burguesa é que as grandes empresas governem e imponham seus planos através dos partidos majoritários e do Congresso. 
Aos trabalhadores e jovens, resta trabalhar (quando se pode) e aceitar a vida tal qual se apresenta. Os milhões nas ruas em junho e os milhões em greve em julho mudaram tudo. Os trabalhadores e a juventude são conscientes que têm força e querem mudar tudo. Não aceitam o cotidiano de exploração e  humilhação.
Nesse despertar, como um turbilhão de um rio que aumentou de volume repentinamente, as massas em seu movimento vão rompendo amarras, destruindo verdades estabelecidas. Antes, ninguém ligava para a participação nos movimentos, hoje é normal encontrar um vizinho ou colega em uma mobilização.
Nesse movimento incrível, fascinante, o povo brasileiro está fazendo história. Os milhões nas ruas foram movimentos superiores ao Fora Collor. A greve do dia 11 foi uma das maiores de nossa história. 
A ruptura com o PT e a CUT é um desses processos históricos. Essas duas instituições foram muito progressivas quando foram criadas no início da década de 80. Mas se transformaram no maior freio do movimento de massas desde então, há 30 anos. Expliquemos. Uma burocracia sindical reformista, dirigida por Lula, conseguiu ser a maior expressão de grandes greves da década de 80, e se transformar na alternativa sindical e política dos trabalhadores. O PT se
construiu como um dos maiores partidos operários reformistas de todo o mundo. E aí se transformou no maior freio de mobilizações já visto na história
desse país. Quando as mobilizações pelas diretas tomaram o país, chegou a se marcar uma greve geral para o diada votação no Congresso Nacional. 
A greve foi desmarcada pela CUT.
Quando o povo brasileiro derrubou Collor, o PT assegurou a posse do vice Itamar Franco. Quando o movimento Fora FHC e o FMI ameaçou derrubar FHC (como ocorreu em vários países do continente na época), o PT acabou com o movimento e o canalizou para a eleição de Lula em 2002. Com Lula e Dilma no poder,
o PT e a CUT convenceram por dez anos os trabalhadores a esperar pequenas concessões do governo. O PT no governo assegurou gigantescos lucros para as multinacionais enquanto enganava os trabalhadores de que esse era um governo ”seu”.
Agora, as mobilizações de junho passaram por fora de todos os aparatos, em particular por fora da CUT e do PT. A CUT não pôde evitar a greve do dia 11 e nem que essa mobilização se chocasse com o governo Dilma. A popularidade de Dilma caiu violentamente, o que significa que também entre os trabalhadores
existe uma ruptura (é preciso observar de que tamanho) com o PT. 
Essa ofensiva das massas vai moendo, destruindo a hegemonia de 30 anos do PT e da CUT entre os trabalhadores. Não está completada essa ruptura, mas se iniciou um processo histórico. Em particular a juventude,  tanto estudantil como trabalhadora, só conhece o PT como partido governante, e a CUT como central chapa branca. A rebelião contra os poderes constituídos se choca diretamente contra a CUT e o PT. 
Nesses momentos iniciais, é muito mais fácil destruir o velho que construir o novo. É natural que se olhe para os lados e não seveja ainda uma alternativa. Mas 
ela terá de se construir a partir das lutas concretas que recém estão começando. Ao contrário do que muitos pensam, não existe nada assegurado.
Tudo que se avançou, pode retroceder. Depende dos passos a serem dados agora. E, seguramente, a construção de uma alternativa ao PT e à CUT é o passo fundamental que pode assegurar a vitória ou a derrota de todo esse movimento.
Nesse terreno, existe uma ideologia reacionária que pode colocar tudo a perder. Essa ideologia, abraçada por muitos anarquistas e horizontalistas,
nega qualquer tipo de organização. Muitos se apoiam na justa desconfiança da prática corrupta e aparatista das burocracias sindicais e dos partidos. Mas essa
ideologia, por mais combativa que pareça, é a defesa da acomodação, da manutenção da situação atual. Enquanto a força das ruas e das greves não construir uma alternativa sindical e política alternativa, o PT e a CUT vão continuar mandando, junto com o PSDB, PMDB, Força Sindical, UGT, etc. A força dos  rabalhadores e dos jovens é como uma grande nuvem de vapor que, se concentrado em uma turbina, pode gerar energia concentrada. Mas também pode se
dissipar caso fique solta no ar. Sem organização, as mobilizações terminam por se enfraquecer e refluir. Deu para sentir isso no final do mês de junho. A espontaneidade das passeatas, muito importante no início do mês, se tornou um empecilho. Qual era a próxima palavra de ordem depois que a luta contra os aumentos das tarifas foi vencida? Qual era o próximo passo na mobilização? A falta de uma direção de conjunto favoreceu o recuo momentâneo das
lutas, que depois se recompõem com a greve de 11 de julho. É hora de pensar estrategicamente. Vivemos momentos históricos. Uma direção histórica –a CUT e o PT- está finalmente começando a vir abaixo. Para agarrar a história com as mãos, para mudar o país, é preciso fazer uma revolução socialista.
E para isso é preciso construir uma direção revolucionária. O PSTU é um instrumento a  serviço da revolução, um embriãode partido revolucionário. A CSP Conlutas é uma alternativa clara contra a CUT governista. A ANEL é uma entidade dos estudantes, alternativa à UNE governista. É hora de ter a audácia histórica de construir o novo.

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