Queremos investigação e um pedido de desculpas imediato da direção da CUT e do SMABC

No dia 29 de maio, “Dia Nacional de Lutas e Paralisações” contra o juste fiscal de Dilma, apesar da demonstração de força de nossa classe expressa no país inteiro em atos e paralisações, e também no ato em São Bernardo, ocorreu um fato bastante nefasto a organização da nossa classe. A unidade e democracia estiveram ameaçadas quando um militante da CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, presente no ato de São Bernardo, agrediu fisicamente um militante histórico da região e membro do PSTU: o metalúrgico José Cantídio, o Cipó, anistiado, que inclusive já foi homenageado pelo próprio Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pela bravura na luta contra a ditadura militar.  

Ao agredi-lo e roubar os seus panfletos, o militante da CUT afirmava que não se podia falar mal do governo Dilma ali, que era a casa deles e que ele continuaria batendo se Cipó não parasse de defender suas posições.

Cipó, como é conhecido, foi um importante ativista das greves da década de 80 no ABC, foi preso por lutar contra a ditadura militar que amordaçava os trabalhadores, impedia que se expressassem e também perseguia os lutadores com prisões e torturas.

É repugnante que num ato de trabalhadores, este companheiro seja agredido fisicamente e impedido de expressar suas posições políticas, divergentes da direção da CUT e do SMABC.

Comunicamos a direção do ato e solicitamos que fosse repreendida no carro de som tal atitude para que pudéssemos seguir no ato unitário. Ao invés de repreender o agressor, e mesmo de tentar identificá-lo para puni-lo, como seria o correto diante de um ato antidemocrático desses, os dirigentes do ato não só não reprimiram a ação, como, se não bastasse, solicitaram que não abríssemos uma faixa que falava “Contra o ajuste fiscal de Dilma”, por citar o nome da presidente do partido majoritário na direção do sindicato. Além disso, em várias falas, especialmente de Vagner Freitas, presidente da CUT, seguiram afirmando que os militantes da CSP-Conlutas não eram bem-vindos, o que, na prática, dava o aval para que seus militantes seguissem a perseguição.

Permanecemos até o final do ato com nossas bandeiras e fizemos uma fala no carro de som, o que não apaga o fato de termos sido agredidos e de ter-nos sentido ameaçado em todo o percurso do ato.

Por essa postura de conivência com a agressão e veto político, consideramos a direção do Sindicato dos Metalúrgicos e a direção da CUT, responsáveis pelo ato de agressão contra um anistiado político, bravo combatente metalúrgico da luta contra a ditadura militar, e exigimos que seja feita uma investigação imediatamente visando encontrar o agressor e puni-lo por sua atitude inaceitável entre os trabalhadores. Consideramos que é a classe inimiga, a burguesia e os patrões a quem interessa a perseguição e agressão física visando impedir expressões políticas. Tal atitude só serve para dividir a nossa classe e enfraquecê-la diante de nossos inimigos.

Exigimos uma resposta da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da direção da CUT quanto à investigação e, imediatamente, um pedido de desculpas ao companheiro Cipó, aos companheiros do PSTU impedidos de distribuir seus materiais, aos companheiros que constroem a CSP-Conlutas, impedidos de abrir sua faixa de denúncia do governo Dilma e também a todos os trabalhadores presentes que foram cerceados de ouvir posições distintas a da direção da entidade com uma atitude divisionista, violenta e autoritária.

Seguiremos denunciando tal fato em todas as oportunidades que tivermos, até que se encontre e se puna o agressor.