‘Majestade´ costuma ser o nome dado às enormes castanheiras, árvore da Amazônia quase extinta no sudeste e sul do Pará, região já conhecida como polígono dos castanhais.

No dia 24 de maio, pai e mãe da majestade tombaram mortos quase aos seus pés. Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo, duas lideranças do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta e Piranheira, localizado no município de Nova Ipixuna do Pará, foram brutalmente assassinados em emboscada a mando de madeireiros da região.

Zé e Maria possuíam uma história de vida marcada pela luta por terra e, principalmente, pela floresta, fonte de sobrevivência de camponeses, índios, extrativistas e tantos mais espremidos pela devastação do capital nessa região. No aniversário de quinze anos do massacre dos sem-terra em Eldorado dos Carajás, a lista dos marcados para morrer segue firme em sua execução pelas mãos do latifúndio, madeireiros e mineradoras, e sob os olhos complacentes dos governos estadual e federal.

A proposta de mudança no Código Florestal, pelas mãos de Aldo Rabelo (PCdoB) e com todo o aval do governo Dilma, tem na sua essência a devastação do que ainda resta da Amazônia, não representando só a extinção da floresta, mas também do povo que vive nela e dela.

´Os porcos não pisarão em nossas pérolas´
Esse era alguns dos muitos gritos de revolta que aproximadamente mil trabalhadores do campo, da cidade e estudantes, fizeram ecoar numa grande manifestação de rua no município de Marabá (vizinho à Nova Ipixuna). Foi lá que se realizou, ao raiar do dia, uma missa de corpo presente fechando uma das pontes de acesso à cidade, ponte por onde passa diariamente o trem de minério da companhia Vale, que pelo menos neste dia 26 de maio não seguiu seu destino de usurpação de nossas riquezas.

O repúdio ao Estado burguês omisso nas suas funções de preservação do meio ambiente, realização da reforma agrária e segurança pública (polícias federal e estadual), se manifestou na negação de dar voz aos parlamentares petistas que se faziam presente na manifestação, como disse Gatão, líder nacional dos seringueiros: “falem nas suas tribunas, aqui vocês terão que nos escutar”.

A passeata encerrou-se em frente ao cemitério da Saudade onde, sob forte comoção, foram sepultados os corpos companheiros. A luta segue, pois a semente foi plantada. Zé e Maria! Presentes!