Não é possível que um partido de esquerda apóie a burguesia e o governo LulaAtravés das páginas do Opinião, vimos polemizando com o PSOL, partido recém formado pelos parlamentares radicais. Todos conhecem nossas diferenças com a estratégia desse partido, que está centrada nas eleições, com a candidatura de Heloísa Helena em 2006. Os companheiros pensam em reeditar o PT, que por anos trabalhou com a estratégia de eleger Lula e deu no que deu.

Ultimamente, esta polêmica estratégica se concretizou em dois temas políticos. O primeiro tem a ver com a Conlutas. Apesar de estarem presentes no Encontro de Luziânia, que marcou o ato do dia 16 de junho em Brasília e possibilitou a formação da Conlutas, os companheiros, em sua maioria se aliaram à Articulação, ao PCdoB e ao Fortalecer a CUT, para boicotar o dia 16. No entanto, apesar deles, essa manifestação foi uma grande vitória, se transformando na maior mobilização contra o governo deste ano, reunindo 20 mil pessoas. É importante destacar que um setor minoritário do PSOL teve uma postura distinta desde o início, se integrado à Conlutas e à preparação do dia 16.

Felizmente, na última reunião nacional da direção da Conlutas, apareceram representantes de outros setores do PSOL, com a disposição de se integrarem a esse processo. Isso é extremamente positivo. Resta ver se essa integração se coloca realmente dentro da estratégia de construir uma alternativa à direção da CUT, ou é apenas uma adequação tática, a partir da constatação de sua derrota do dia 16.

A outra polêmica política vem se dando ao redor das eleições deste ano. Como o PSOL não tem legalidade para concorrer nestas eleições, temos chamado esse partido a apoiar as nossas candidaturas, por serem as únicas claramente de oposição de esquerda ao governo.

O PSOL optou por não ter uma posição sobre o tema. Na prática, em cada cidade, temos uma posição diferente. Em várias cidades, temos militantes do PSOL apoiando candidaturas do PSTU, o que é muito positivo. Queremos debater com esses companheiros o programa dessas candidaturas, porque opinamos que é muito importante que a esquerda tenha uma campanha forte e unificada de oposição ao governo Lula.

Infelizmente, na maioria das cidades, o que impera é o apoio do PSOL a partidos que apoiam o governo Lula, ou mesmo a partidos da direita burguesa. Em Maceió, Heloísa Helena apoia um candidato, Regis Cavalcante, do PPS do ministro Ciro Gomes. No Rio de Janeiro, Milton Temer, da executiva nacional do PSOL, faz parte do núcleo dirigente da campanha de Jandira Feghali, do PCdoB.

Agora, em Goiânia, o vereador Elias Vaz, membro do PSOL (integrante da corrente MTL), é parte de uma coligação que tem como candidato a prefeito Rannieri Lopes, do PTC. Este partido é o antigo PRN, de Collor e Celso Pitta, dois dos maiores símbolos da direita corrupta deste país. Martiniano Cavalcante, da executiva nacional do PSOL, também é de Goiânia e acompanha esta aliança eleitoral.

Não é possível que um partido que se apresenta como de oposição ao governo apóie o PPS e o PCdoB. Não é possível que um partido de esquerda apóie o PTC. É preciso corrigir já o rumo, ou o PSOL vai repetir a prática nociva das alianças espúrias do PT.

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