O modo de operação é conhecido: formação de cartel, superfaturamento e cobrança de propina. Não, não estamos falando da Operação Lava Jato e a Petrobrás. Trata-se agora da Operação Alba Branca, que trouxe à tona um esquema de corrupção no governo Alckmin (PSDB), envolvendo a aquisição de merenda escolar no estado.
 
Segundo as denúncias, o esquema tinha como centro a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) que, em troca de contratos, repassava valores a deputados federais, estaduais e funcionários do governo Alckmin e das prefeituras.
 
Entre os investigados estão membros graúdos do governo Alckmin e do PSDB. Entre eles, o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo, Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”, entre outros.
 
O presidente da Coaf, Cássio Chebabi, foi preso e já fez acordo de delação premiada. Ele contou à polícia e ao MPE que o lobista Marcel Ferreira Júlio apresentou condições para celebrar um contrato com a Secretaria da Educação paulista no final de 2014. Mas para isso teriam de ser pagas comissões de 10% para Capez e para o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), ex-secretário da Agricultura e atual chefe da Secretaria de Logística e Transportes do governo Alckmin.
 
As investigações também apontam a participação no esquema do chefe de gabinete da Secretaria de Educação, Fernando Padula que só foi demitido no dia 28, um dia antes do seu envolvimento vazar para a imprensa.
 
Vale destacar o currículo de dois dos envolvidos. O deputado estadual Fernando Capez (PSDB) é irmão do desembargador do TJ-SP Rodrigo Capez, o mesmo que coordenou a ação violenta de despejo no Pinheirinho, em 2012. Já Padula foi o mesmo que declarou guerra aos estudantes secundaristas das escolas ocupadas em dezembro de 2015.
 
O Ministério Público acredita que a máfia que comanda o esquema se ramifique por diversos órgãos do governo do Estado, além das secretarias de Educação, Agricultura e 22 cidades. A suspeita é de que a propina tenha sido usada em campanhas eleitorais.
 
Mar de lama
A fraude envolvendo as merendas das escolas paulistas é mais um escândalo tucano que se soma ao grande esquema de corrupção nas obras do Metrô, que atravessou todos os governos do PSDB, desde Mário Covas, e segue até hoje sem punição de corruptos e corruptores.
 
O escândalo novamente desmascara o discurso demagógico dos tucanos que tentam tirar proveito da Operação Lavo Jato para denunciar o PT (mesmo também tendo nomes do partido envolvidos como já demonstraram as investigações). Mas até mesmo o modus operandi nos esquemas de corrupção revela que PT, PSDB, PMDB são farinha do mesmo saco. Usam o aparato do estado como balcão de negócios para seus interesses próprios.
 
Infelizmente, o desvio de verbas por meio da merenda escolar já se tornou uma tradicional forma de corrupção desses governantes e políticos. É de causar indignação sempre, pois como costumamos afirmar o dinheiro que vai para a corrupção é o dinheiro que falta para a educação, saúde e demais serviços essenciais à população”, avalia o presidente do PSTU Toninho Ferreira.
 
Esse esquema precisa ser investigado de forma rigorosa, e haver a prisão e confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores. Mas, acima de tudo, fica comprovado que é preciso botar todos pra fora! PT, PMDB ou PSDB não oferecem uma alternativa aos trabalhadores. Defendemos que a classe trabalhadora, que produz as riquezas desse país, é que deve governar, através de suas próprias organizações, através de conselhos populares”, afirma Toninho.