Há 90 dias os estudantes da faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP estão em greve. A mobilização começou no curso de letras e logo se estendeu pelos demais cursos. A principal reivindicação é a contratação imediata de 259 professores, sem os quais não é possível ter aulas na maior universidade do país.

A raiz do problema é que as verbas das universidades públicas paulistas (USP, UNESP e UNICAMP) estão há anos congeladas pelo governo Covas/Alckmin. Por isso, diversas faculdades são obrigadas a firmar “parcerias” com o setor privado e criar fundações para sobreviver. A comunidade acadêmica reivindica a ampliação do orçamento para as universidades estaduais de 9,57% para 11,6% da arrecadação de ICMS.

Diante da força do movimento a reitoria foi obrigada a negociar. Mas ela apresentou a proposta de contratação de 91 professores em 4 anos. Isso não resolve o problema.

Por isso, no dia 9 de julho, em plena comemoração do aniversário da reacionária “revolução constitucionalista”, os estudantes cercaram o governador Geraldo Alckmin que foi obrigado a reabrir as negociações. Até o momento nenhuma nova proposta foi apresentada. A Reitoria aposta no fim da greve com o reinício das aulas em agosto.

Mas o tiro pode sair pela culatra. O apoio da população, dos sindicatos e de personalidades da comunidade científica pode levar a greve à vitória, o que será um marco na luta em defesa da Universidade Pública e de Qualidade, contra os planos do Banco Mundial e do FMI.
Post author Rodrigo Ricupero, da História-USP
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