Atletas fazem protesto histórico contra a CBF em rodada do brasileirão

O “Bom Senso F.C.”, movimento criado pelos jogadores que atuam no futebol brasileiro, realizou nesta quarta-feira, 13 de novembro, o mais importante protesto pela melhoria das condições de trabalho dos últimos anos.

O protesto tomou praticamente todos os jogos da última rodada do campeonato brasileiro quando os jogadores entraram em campo com faixas pedindo o fim do excesso de jogos. Mas o protesto não parou por aí. Depois que o apito inicial foi dado pelos juízes, os jogadores cruzaram os braços e ficaram parados por um minuto.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) orientou os árbitros a darem cartão amarelo para todos os jogadores que protestassem. E de fato, alguns ameaçaram punir os jogadores-manifestantes. Foi o que aconteceu na partida entre São Paulo e Flamengo, na qual os jogadores tiveram que “driblar” as ameaças do juiz apenas trocando chutes, sem passar no meio de campo.

Logo após os primeiros protestos, o Bom Senso F.C. divulgou uma imagem do ato no Twitter e prometeu que isso se repetiria em todas as partidas. Segundo informações da imprensa, o movimento poderá realizar paralisações cada vez maiores nas próximas rodadas do Brasileiro. Se não receberem logo uma resposta da confederação, a próxima rodada do final de semana pode ter paralisação maior, de dois minutos; a seguinte, de três minutos, e assim por diante.

O movimento começou em 1° de setembro, no jogo entre Coritiba e Internacional, no Couto Pereira. Ao fim da partida, Alex, o craque do Coxa, procurou  Juan, zagueiro do Inter, e teve com ele uma conversa que deu origem a uma movimentação entre os jogadores brasileiros que não se via há muito tempo.

O estopim para a criação do movimento Bom Senso veio quando o sindicato dos jogadores fechou um acordo com a CBF que reduzia as férias dos boleiros de 30 para 17 dias em função da Copa de 2014.

O movimento produziu um dossiê comparando os calendários dos jogos entre o Brasil e outros países, no qual aponta os prejuízos físicos que o excesso de jogos acarretava. Agora defende basicamente três reivindicações referentes ao calendário: 30 dias corridos e irrevogáveis de férias, um período de quatro a seis semanas para pré-temporada, e um limite máximo de sete jogos por mês. No entanto, há duas reivindicações políticas importantes: transparência e o controle das finanças dos clubes e a inclusão de atletas, treinadores e executivos de futebol no conselho técnico das competições e entidades.

É evidente que há limites nas reivindicações. Ficam de fora, por exemplo, a necessidade de realizar uma profunda revolução do futebol brasileiro, controlado pela máfia da CBF e pela Rede Globo, que detém os direitos de transmissão das partidas. O processo de elitização pelo qual passa o futebol também não está incluído em sua pauta. Os ingressos das partidas são caríssimos, inviabilizando a ida da maioria dos trabalhadores aos estádios. Contudo, o movimento Bom Senso pode ser um “ponta pé inicial” em toda essa discussão. Veremos.