Exemplo da distorção realizada na grande imprensa

Maioria é contra a idade mínima de 65 anos que Dilma quis impor e que Temer retoma

Para quem não se lembra, em 2003, logo em seu primeiro ano de mandato, Lula implementou uma reforma da Previdência no setor público para acabar com a aposentadoria integral do funcionalismo. Sabia que não conseguiria fazer isso sem resistência. Para isso, contou com uma ampla campanha na imprensa que, por um lado, martelava a falácia do “rombo” da Previdência e, de outro, incutia a ideia de que servidor público era privilegiado.

Pois bem, estamos vendo isso novamente. Uma nova reforma da Previdência está na mesa. No início do ano, Dilma prometeu a reforma para o primeiro semestre deste ano. Ela foi afastada e Temer pegou o projeto do chão para dar sequência. E grande parte da imprensa está fazendo uma verdadeira lavagem cerebral para convencer o povo de que a Previdência está em crise e, mais que isso, que o trabalhador brasileiro se aposenta muito cedo.

Parte dessa campanha é uma pesquisa encomendada pela CNI (confederação Nacional de Indústria) ao Ibope divulgada nesse dia 18 (leia ela completa aqui). A pesquisa foi realizada em dezembro, mas só divulgada agora, por que será? Mas enfim, que dados a pesquisa traz? A primeira e principal é a resposta à pergunta “na sua opinião com qual idade uma pessoa deve se aposentar?”. Para 9%, as pessoas devem se aposentar com menos de 50 anos. Para 42%, o maior grupo, entre 50 e 55 anos. Já 31% responderam que o ideal seria entre 56 e 60 anos. Apenas 13% responderam entre 61 e 65 anos e 4%, o menor grupo, acima de 65 anos.

Hoje, o trabalhador brasileiro se aposenta, em média, com 58 anos, segundo dados do próprio governo. Ou seja, o dado principal que a pesquisa traz é que a esmagadora maioria das pessoas, ou 82%, acha que o trabalhador deveria se aposentar antes disso. Mas como é que a pesquisa é divulgada em grande parte da imprensa? Reverberando a resposta de uma questão jogada no meio do questionário, de forma tendenciosa, que afirma: “com as pessoas vivendo até idades mais avançadas, é necessário estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria”?. Daí a manchete de jornais como Estadão e Globo é: “Pesquisa aponta que 65% concordam com idade mínima para aposentadoria“. Juntam aqueles que concordam “totalmente” com a afirmação (44%) com aqueles que concordam “em partes” (21%).

E mesmo assim, simplesmente omitem que a grande maioria acha que se deveria aposentar antes do que se aposenta hoje. Distorcem de forma deliberada o levantamento para dizer que a maioria do povo concorda com a proposta de Temer e Meirelles de se adotar a idade mínima de 65 anos, sendo que a pesquisa traz a informação contrária.

Outra questão pergunta quais cortes poderiam ser realizados para cobrir a Previdência, caso não se aumentem os impostos. As opções vão de saúde, educação, Bolsa Família à infraestrutura e segurança. A verdadeira causa da crise no setor público, o pagamento de juros da dívida que consome anualmente quase metade do orçamento, não está entre as opções. Mas, mesmo essa pesquisa sendo realizada de forma tendenciosa, ela tem pelo menos o mérito de mostrar que a população não quer essa reforma, embora não seja isso que esteja sendo passado na imprensa.

No próximo período essa campanha tende a ganhar ainda mais força, com esse mesmo jogo sujo, e mais e mais mentiras. Tudo isso pra destruir a Previdência pública e desviar ainda mais recursos para os rentistas internacionais.

Fora temer, fora todos! Enfrentar desde já os ataques
A CSP-Conlutas vem fazendo um chamado à CUT, MST e demais organizações, para a realização de uma Greve Geral que ponha abaixo o governo Temer, esse Congresso Nacional, e por eleições gerais. Essas entidades ligadas ao PT, porém, preferem tentar mobilizar para tirar Temer e colocar Dilma de volta ao governo. Tentativa infrutífera, já que não são muitos os que se dispõem a ir às ruas em defesa da volta de Dilma.

Se a direção da CUT não abre mão de defender Dilma, que pelo menos aceite um plano de lutas, junto à CSP-Conlutas e às entidades do Espaço Unidade de Ação, para enfrentar desde já os ataques desse governo aos trabalhadores. Um plano de ação contra a reforma da Previdência, trabalhista, o ajuste fiscal, as terceirizações e todos os ataques que Temer e esse Congresso planejam impor para que os trabalhadores e a população paguem o custo dessa crise.

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