Choque e pavor é o nome da barbárie. Nome com o qual o imperialismo batizou os sucessivos bombardeios sobre Bagdá.
A invasão imperialista ao Iraque é apenas o início da guerra contra os povos. Eles pretendem colonizar os países periféricos. E, como dizia um antigo general, a guerra é a continuação da política por outros meios. Os imperialismos se debatem pela disputa das colônias.
A Alca, a dívida, as privatizações, a militarização crescente e a guerra são partes de um mesmo todo, se complementam, servem ao mesmo propósito. A diplomacia do fuzil usada contra o Iraque, se vitoriosa, não apenas irá apertar todas as demais amarras da recolonização, como incitará novas e novas guerras contra-revolucionárias.
Por isso, não interessa qualquer paz nesta guerra. A paz advinda com uma derrota do Iraque será o prenúncio de novas guerras. A paz que interessa é aquela que signifique a derrota dos invasores imperialistas.
É preciso ter um lado claro nesse combate, que não está sendo travado apenas no território iraquiano, mas nas ruas de todo o mundo.
Em muitos países, as manifestações dirigem-se contra a sanha assassina anglo-americana, mas também contra os governos locais que os apóiam. Em outros, governos declaram-se pela paz, mas não fazem nada além de declarações, quando poderiam derrotar a máquina de guerra imperialista se privassem os invasores de petróleo e de dinheiro.
Declare guerra à Alca e ao FMI
Aqui no Brasil e em toda a América Latina desenvolve-se uma parte dessa guerra de recolonização. As negociações da Alca, a sangria da dívida que financia as bombas para a operação de choque e pavor no Iraque, as reformas estabelecidas no acordo que o governo Lula assinou com o FMI e a militarização bem ali à espreita para entregar aos EUA a base militar de Alcântara são partes dessa guerra.
Por isso, é surpreendente que setores do movimento, especialmente os mais ligados ao governo Lula, não queiram vincular a campanha contra a Alca à luta contra a guerra.
A campanha contra a Alca é parte indissociável da luta pela retirada das tropas imperialistas do Iraque. E esta compreensão é de fácil assimilação pela maioria do movimento e da base que vai às ruas.
Os trabalhadores e a juventude têm o direito e o dever de exigir que o governo Lula vá além de declarações pela paz. O governo brasileiro deveria romper relações diplomáticas com os Estados Unidos e Inglaterra, suspender o pagamento da dívida externa que financia as bombas que estão sendo despejadas no Iraque e produz fome aqui no Brasil. Lula deveria também fazer gestões juntos aos governos da América Latina, especialmente à Venezuela e Equador (exportadores de petróleo) para que suspendessem o fornecimento deste combustível aos países que participam da invasão ao Iraque.
À luta contra as reformas e o arrocho
O governo Lula e o PT, entretanto, fizeram uma opção oposta. E, no caso, não se trata apenas ( o que já seria muito) de não se colocar à disposição para fazer todo o possível pela vitória do Iraque e a derrota dos invasores imperialistas.
O governo está pilotando o processo que pavimenta a Alca e a recolonização do Brasil, acelerando o processo de entrega do resto de soberania existente, favorecendo a penetração imperialista.
Não é outro o sentido do acordo assinado com o FMI no final de fevereiro, no qual o governo se compromete com a autonomia do Banco Central, com a privatização da Previdência pública, com a reforma trabalhista e favorece em tudo o sistema financeiro e o capital. A reunião da Direção Nacional do PT apoiou integralmente essa política do governo.
A contrapartida disso tudo para os trabalhadores e a maioria do povo é a retirada de direitos, o empobrecimento, o aumento da fome, do arrocho salarial e da exploração.
O funcionalismo vai à greve e às ruas contra a reforma, os metalúrgicos começam a se mobilizar por uma campanha de emergência apesar e contra a direção majoritária da CUT que num caso e outro abandona a defesa dos direitos da classe trabalhadora, enquanto legitima essa vergonha de Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, controlado pelos capitalistas.
E, mais uma vez, a luta contra as reformas e contra o arrocho também é parte da luta contra a guerra, a Alca, o FMI e a recolonização.
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