A injeção de capital dos governos imperialistas, inédita em seu tamanho, freou a quebradeira dos bancos. Já foi ultrapassada a soma de US$ 11 trilhões em ajudas dos governos para salvar os bancos, o que indica a importância do capital financeiro na estrutura de poder capitalista. Isso corresponde a US$ 1.833 por habitante do planeta.

Nem essa gigantesca soma de dinheiro, no entanto, recompôs o fluxo de crédito para empresas e consumidores. O motivo é simples: o buraco é muito maior. O volume de capital fictício que está derretendo (US$ 160 trilhões) é três vezes superior à produção mundial.

Todo o apoio dos governos até agora, ainda que nessa dimensão fantástica e inédita em termos históricos, teve como resultado uma pausa momentânea na quebradeira, sem recompor o crédito.

No entanto, novas ondas de crise já se anunciam com a inadimplência dos cartões de crédito, a falência das sucursais dos bancos imperialistas no Leste Europeu e a crise de pagamentos dos países semicoloniais etc.

Por outro lado, essa injeção de capital está provocando uma ampliação brutal do déficit público nos países imperialistas, que já chega a 9% do PIB, seis vezes superior à situação antes da crise. Os EUA acumulam um déficit de US$ 1 trilhão em metade do ano fiscal de 2009 (o triplo de um ano atrás). A Inglaterra, com previsão para 2009 de uma dívida pública de 59% do PIB, já discute até a hipótese de recorrer ao FMI.

O resultado do G20
A crise econômica não ganhou uma solução real na reunião do G20. O imperialismo norte-americano superou momentaneamente sua crise política do final do governo Bush, com a presença e a iniciativa de Obama. Mas o imperialismo como um todo não apresentou um plano real sério para a recuperação econômica.

Existe uma resistência da Europa, capitaneada pela Alemanha, em aceitar a maneira como o governo dos EUA responde à crise, injetando grandes somas de dinheiro nos bancos. Essa postura não pode ser reproduzida da mesma maneira na Europa sem consequências severas, pelo simples fato de que seus bancos centrais não podem imprimir dólares como os EUA.

As resoluções do G20 em geral são declarações de intenções, sem quaisquer planos reais que as concretizem. Definições como “contra o protecionismo” se chocam com a escalada de medidas protecionistas definidas pelos mesmos governos imperialistas, como o próprio Obama, com o plano “compre produtos americanos”. Ou ainda a exigência de transparência dos balanços, quando os EUA acabam de legalizar a maquiagem de seus balanços.

As duas medidas reais e efetivas definidas no G20 foram duas. A primeira foi aprovar o apoio dos governos aos bancos, legitimando a vitória de Obama, que defendia essa tese. A segunda é a capitalização e o reforço do FMI, que estava em crise pelo desgaste causado pelos efeitos de seus planos de ajuste.

Para quem esperava algo semelhante a um novo Bretton Woods, o resultado do G20 é uma mistura de farsa e tragédia. O FMI, que foi criado em Bretton Woods, no fim da Segunda Guerra, era a expressão de uma nova potência imperialista hegemônica (os EUA) e de um acordo econômico de fôlego internacional.

O FMI que sai do G20 é uma recauchutagem de um organismo em crise, com a farsa do pior já passou. Mas que está sendo reforçado para ser um instrumento de novos planos de ajuste ainda piores, indício de novas tragédias.

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