Levy prepara para enxugar ainda mais o Orçamento
Agência Brasil

Enquanto isso trabalhadores enfrentam inflação, desemprego e redução dos salários

Ao mesmo tempo em que anunciou o veto ao reajuste dos servidores do Judiciário aprovado no Congresso Nacional por “contrariedade ao interesse público”, o governo Dilma prepara novos cortes no Orçamento, parte do ajuste fiscal para garantir o pagamento dos juros da dívida pública.

Os novos cortes decorrem do aprofundamento da crise econômica e a consequente queda na arrecadação do governo. Nesse primeiro semestre, o governo viu sua arrecadação cair 2,9%. Só nos últimos dois meses, a diferença entre o que o governo previa arrecadar e o que de fato arrecadou, ficou em nada menos que R$ 13 bilhões.

Assim, ao mesmo tempo em que o governo quer reduzir o superávit primário (a economia para pagar os juros da dívida), vai, ao mesmo tempo, ampliar os cortes para além dos R$ 70 bilhões anunciados no início do ano. Coloca o país, assim, numa espécie de círculo vicioso, em que o ajuste fiscal provoca uma recessão, que reduz a arrecadação e, em conseqüência, mais ajuste fiscal.

Segundo a Folha de S. Paulo, enquanto o Ministério da Fazenda de Joaquim Levy defendia a redução da meta de 1,1% do PIB para 0,8%, o Planejamento defendia uma redução mais significativa para 0,6%. Diferenças diminutas que convergem para um maior aperto nas contas, ou seja, mais cortes na Saúde, Educação e demais áreas sociais.

Nas costas dos trabalhadores
O aperto da política de austeridade fiscal do governo Dilma deve aprofundar ainda mais a crise econômica. A expectativa do PIB (Produto Interno Bruto, a soma do valor de tudo o que é produzido no país) entre analistas da própria burguesia dá conta de uma queda de 2% ou mais. Essa política econômica do governo, por sua vez, joga os efeitos da crise nas costas dos trabalhadores, que enfrentam uma verdadeira saraivada de ataques.

Além dos cortes nos serviços públicos, ataques aos direitos como no seguro-desemprego e no PIS-PASEP, enfrentam demissões e vêem seus salários caírem, tanto pela inflação quanto pelos reajustes menores. Uma nova reforma da Previdência, com a fórmula 85/95 e 90/100, e o veto ao reajuste das aposentadorias confere um caráter ainda mais dramático a esse pacote de maldades jogado em cima da cabeça dos trabalhadores.

A taxa de desemprego subiu para 8,1% no segundo trimestre deste ano, maior índice desde 2012. Ao mesmo tempo, a inflação acumulada dos últimos 12 meses anunciada pelo IBGE aumentou 9,25%, a maior alta desde 2003. Os reajustes salariais, por sua vez, estão sendo, em média, a metade do que foram no ano passado, segundo levantamento do Dieese. E para piorar, o governo acaba de anunciar a regulamentação do chamado PPE (Projeto de Proteção ao Emprego), que vai permitir às empresas reduzirem salários.

Achou pouco? Pois tem mais. O ministro Joaquim Levy afirmou no último dia 20 que o governo quer abrir o capital de empresas públicas a fim de aumentar receita. “Tem algumas companhias públicas que estamos querendo abrir o capital, é um ganha-ganha“, afirmou à imprensa. Na verdade, o governo já está fazendo isso com a venda da BR Distribuidora, da Petrobrás. Um “ganha-ganha” do governo, dos banqueiros e das grandes empresas, e um “perde-perde” dos trabalhadores e da população.

Greve Geral contra os ataques
O conjunto dos ataques perpetrados pelo governo não está sendo aceito sem luta. O funcionalismo público federal, os servidores das universidades e do Judiciário protagonizam heroicas greves contra a austeridade. Ao mesmo tempo, setores importantes dos metalúrgicos, como os operários da Volks no ABC e da GM em São Caetano, lutam contra as demissões, enquanto os trabalhadores da Mercedes rejeitam o acordo para reduzir salários defendido pelo sindicato e a CUT.

É preciso, como apontou o último Congresso da CSP-Conlutas, unificar essas lutas rumo a uma Greve Geral que ponha abaixo esse conjunto de ataques e derrote essa política econômica que massacra os trabalhadores.

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