Raoni Lucena, de São Gonçalo (RJ)
Na tarde desta terça-feira (29/09), trabalhadores da empresa SL Comunicação foram proibidos de instalar um outdoor com a palavra de ordem “Fora Bolsonaro e Mourão”. O outdoor, que fazia menção ao preço dos alimentos, às queimadas no Pantanal e na Amazônia e às mortes por Covid-19, foi encomendado pelo Comitê Fora Bolsonaro e Mourão de Niterói e São Gonçalo, que reúne sindicatos, partidos e movimentos sociais das duas cidades.
Segundo relato dos trabalhadores, antes de terminar o serviço, eles foram abordados por homens armados que ordenaram que a colocação fosse interrompida, e que a parte já colocada fosse retirada, ameaçando suas vidas caso não obedecessem. Os funcionários não se feriram e passam bem, apesar do susto e do stress emocional que é se ver sob a mira de uma arma de fogo. A empresa devolveu o dinheiro ao sindicato que fez o pagamento.
Este fato é um ataque direto às liberdades democráticas. Recentemente, um outdoor de conteúdo semelhante, este encomendado pelo SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores Em Educação da Universidade Federal Fluminense), fora retirado de forma clandestina, também na cidade de Niterói. Está se configurando uma rotina na cidade em que grupos milicianos (este é o termo que se dá a organizações paramilitares) decidem quais posições políticas podem ou não ser expressas publicamente. Após vetar outdoors, qual seria o próximo passo? Impedir a publicação de jornais? Tirar sites do ar?
O PSTU defende a mais ampla liberdade de expressão e que o caso seja investigado e os grupos milicianos responsáveis pela retirada dos dois materiais sejam punidos exemplarmente. Defendemos, ainda, o direito à autodefesa dos movimentos sociais perante ataques de grupos com práticas semelhantes.
Os movimentos sociais e partidos políticos da cidade devem se posicionar a respeito.