Teve início nesta quarta-feira, 11, o processo eleitoral que vai definir a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de são José dos Campos e Região para os próximos três anos. O resultado das eleições pode significar a resistência ou não dos trabalhadores ao desemprego e à retirada de direitos e salários.

No primeiro dia de votação, mais de 7.200 trabalhadores já haviam votado, atendendo ao chamado do sindicato. O quorum é de quase 8 mil votos de um total de quase 22 mil aptos a votar.

A General Motors se destacou, com os metalúrgicos votando massivamente na quarta-feira. Eles enfrentaram, recentemente, mais de 800 demissões. No ano passado, a montadora também foi expoente da luta contra o banco de horas. Os operários derrotaram o banco.

Embraer
A Embraer, que passa por um momento trágico de demissões, teve uma votação pequena contraditoriamente. O problema na empresa é a dura repressão imposta. Se, historicamente, a Embraer tenta coibir qualquer manifestação de seus funcionários, em tempos de crise e de ataques, precisou redobrar o controle.

No ato que lançou a campanha a Embraer é nossa, um trabalhador deu um relato em que dizia que aumentou muito o assédio moral sobre os trabalhadores. “Aumenta a capacidade produtiva de acordo com a força do chicote”, contava. Ele falou que os trabalhadores não podem sequer falar com o sindicato que correm o risco de demissão. Isso rendeu à empresa o sugestivo apelido de Carandiru.

A empresa não pode impedir a abertura das urnas, pois votar é um direito dos operários. Mas reservou um local repleto de câmeras de segurança. O pessoal de Recursos Humanos permaneceu na sala de votação neste primeiro dia. Esse comportamento da empresa demonstra, certamente, uma preocupação com a reação dos trabalhadores aos ataques, principalmente depois da primeira vitória com a suspensão das demissões.

Em tempos de crise
A eleição do sindicato de São José é importante para os metalúrgicos da região e para toda a classe trabalhadora. A entidade tem se transformado num símbolo da luta contra a crise, enfrentando gigantes como a GM e a Embraer para defender sua base.

No país inteiro, centenas de trabalhadores entenderam isso. Mais de 250 ativistas vieram ajudar na campanha, vindos de Norte a Sul. Outros sindicatos de outras categorias também manifestaram seu apoio.

A resposta da categoria ao chamado do sindicato a votar é reflexo de sua preocupação com a crise e os tempos difíceis que podem estar por vir. Uma primeira pesquisa, há algumas semanas, dava vitória para a Chapa 1, da Conlutas e da qual participa a diretoria atual, com 78% das intenções de voto.

O anúncio da queda do PIB no último trimestre de 2008 mostrou que não existe marolinha: a crise está longe de acabar e tende a se aprofundar. Por isso, só uma direção firme e que não aceite negociar nenhum direito e nenhum centavo dos salários será capaz de colocar os trabalhadores no caminho da resistência para derrotar os patrões.