A falta de água em várias regiões do estado de São Paulo vem sendo denunciada pela população há várias semanas. Nos últimos dias, contudo, os relatos confirmam que o racionamento antes restrito a algumas horas no final do dia em alguns bairros já chega a ocorrer por mais de um dia em várias regiões.
 
A população já começou a armazenar água em baldes, galões e tonéis para minimizar a falta de água. Caminhões pipa já são uma realidade para muitas pessoas que têm de disputar umas com as outras para conseguir um pouco de água.
 
E a situação pode piorar ainda mais. Nesta quarta-feira, 16, o nível do reservatório Cantareira chegou ao menor da história: 4,3%.
 
Em depoimento na Câmara Municipal de São Paulo, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, afirmou que se não chover, a água acaba em novembro na cidade de São Paulo. Um absurdo! A presidente da Sabesp só admitiu essa triste realidade agora passadas as eleições!
 
O fato é que a Sabesp e o governador Geraldo Alckmin seguem tentando minimizar a gravidade da situação. Sem qualquer transparência, negam informações sobre a real situação da falta de água. Só sabem dizer que há problemas “pontuais”, enquanto os relatos de desabastecimento só aumentam.
 
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) vai acionar o Ministério Público e o Procon-SP contra a Sabesp por omitir informação sobre os locais na cidade em que ocorre diminuição da pressão de água e possível falta de abastecimento.
 
A falta de água em São Paulo é uma tragédia anunciada e uma demonstração do descaso criminoso do governo Alckmin com um serviço tão essencial à população. É o apagão das águas do PSDB.
 
Desde 2003, técnicos vêm alertando o governo sobre os riscos do sistema Cantareira. Mas Alckmin e a Sabesp, subordinada ao governo, ignoraram os avisos e não investiram para evitar a falta d’água.
 
Desde 2009, o reservatório Cantareira, composto por quatro represas, atua no limite. Um relatório elaborado pela Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), o Plano da Bacia do Alto Tietê, de dezembro de 2009, já apontava a “necessidade de contar com regras operativas que evitem o colapso de abastecimento das regiões envolvidas e minimizem a influência política nas decisões”.
 
O Vale do Paraíba também poderá ser afetado. Os reservatórios da região estão com um nível de 12,3%, o menor registrado nos últimos dez anos.
 
Alckmin poderia ter determinado investimentos em infraestrutura para evitar o alto desperdício existente na rede de abastecimento, antecipado mudanças no manejo da água e ter definido medidas de racionalização do consumo.  Mas preferiu favorecer os interesses dos acionistas privados que controlam mais da metade do capital acionário da Sabesp, transformando a água, um bem essencial à vida, em simples mercadoria.
 
Defendemos a Sabesp 100% estatal, sob controle dos trabalhadores, bem como o fim das terceirizações para garantir os investimentos necessários para o abastecimento de água e um serviço de qualidade à população.
 
Toninho Ferreira é presidente do PSTU de São José dos Campos e 1° suplente de deputado federal, artigo orginalmente publicado no site do PSTU Vale