Sérgio Koei

Durante os dias 27 e 28 de novembro ocorreu o Encontro do Movimento Nacional de Oposição Bancária em Belo Horizonte (MG). Cerca de 90 bancários de várias partes do país discutiram o balanço da grande greve realizada este ano e a necessidade de uma noOpinião Socialista – O que foi discutido durante o Encontro?

Dirceu Travesso – Primeiro, teve uma discussão de conjuntura e o entendimento claro da necessidade de ser oposição ao projeto geral da burguesia e do imperialismo e, dentro disso, oposição ao governo Lula como principal implementador dessa política. Concluímos o acerto de nossa política, tirada em nosso primeiro encontro, durante o Fórum Social Brasileiro, em Belo Horizonte. Lá, fizemos a caracterização clara de que a direção do sindicato (Articulação e os seus satélites) para defender o governo, ia se colocar contra a base dos bancários e suas reivindicações. Isso permitiu o salto de qualidade que a Oposição Bancária deu durante a greve. A Oposição cumpriu um papel importantíssimo ao buscar dar forma organizada ao sentimento de insatisfação e de luta da base. Agora, o centro para nós é estimular esse processo de organização pela base e, dentro disso, a disputa dos sindicatos.

OS – Qual a posição do Encontro sobre a relação da Oposição Bancária com a Conlutas?

Dirceu – A conclusão da Oposição é que é fundamental impulsionar a mobilização de base para varrer as direções governistas e garantir a defesa das reivindicações dos bancários. Foi muito interessante esse debate, pois essa conclusão final resolveu muitas dúvidas sobre o nosso posicionamento em relação à Conlutas. Primeiro, na Oposição, é praticamente unânime o reconhecimento da necessidade de romper com a CUT, e, segundo, houve o entendimento de que a Conlutas é a expressão de classe do que é a Oposição. Ou seja, o reconhecimento da necessidade de organizar a vanguarda que quer lutar pelas reivindicações dos trabalhadores, mesmo que para isso tenha que se enfrentar com o governo e com as direções pelegas. No Encontro deliberamos por unanimidade a adesão da Oposição Bancária ao processo de construção da Conlutas, tendo clara a falência da CUT e a necessidade de impulsionar uma nova direção. Ao mesmo tempo em que, coerente com uma concepção democrática, os grupos ou ativistas que têm posições diferentes sobre a ruptura com a CUT, ou sobre a Conlutas, mas que têm clara a necessidade de organizarmos uma Oposição Nacional contra as direções governistas, terão suas posições respeitadas dentro do Movimento Nacional de Oposição Bancária.

OS – Qual vem sendo a política das direções sindicais dos bancários?

Dirceu – Para se ter uma idéia, a Confederação Nacional dos Bancários está fazendo essa semana aqui em São Paulo uma Plenária Nacional para discutir a reforma Sindical e fazer um balanço da campanha salarial. Um detalhe: como foram tirados os delegados para essa Plenária? Não houve nenhuma assembléia, não teve nada. Tirou-se um número de delegados por cada federação e cada federação resolveu como faz. Esse é o mesmo método utilizado durante a greve. A CNB é uma confederação que expressa o que quer a direção governista e não a vontade da categoria. Vai se discutir uma greve que a base fez passando por cima das direções, e a categoria não é chamada. Enquanto a Oposição realiza um encontro aberto, eles realizam uma plenária onde a própria categoria não pode participar.

OS – Quais atividades foram votadas para o próximo período?

Dirceu – Vamos discutir com a categoria a possibilidade de realizar uma campanha salarial de emergência, em março, além de medidas contra as demissões nos bancos privados. Decidimos também participar do Fórum Social Mundial, realizando uma mesa para discutir a greve e a experiência da categoria, além do Encontro da Conlutas. Também vamos impulsionar as oposições nas várias eleições sindicais que ocorrerão no próximo ano. Nosso papel agora é impulsionar a democracia de base.
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