Érika Andreassy, da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU

Desocupação entre as mulheres é 30% mais alta

O IBGE divulgou nesse dia 23 de fevereiro os dados sobre o desemprego no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) contínua, no mês passado o percentual de pessoas desocupadas alcançou 12,9 milhões de pessoas, um crescimento de 7,3% em relação ao trimestre anterior e incríveis 34,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Se somarmos aí os que consideram a jornada de trabalho insuficiente junto com aqueles que gostariam de trabalhar, mesmo não estando procurando emprego, a taxa média de subutilização da força de trabalho sobe para 22,2%, ou seja, atualmente no Brasil falta trabalho para 24 milhões de pessoas.

Entre os mais afetados estão os jovens, as mulheres e os negros. Entre a população de 18 a 24 anos, uma em cada quatro pessoas estão desempregadas (25,9%). Nas faixas entre 25 a 39 anos e 40 a 59 anos, esse percentual cai para 11,2% e 6,9% respectivamente.

No caso das mulheres, que são 52,2% da população em idade para trabalhar, o nível de ocupação é de apenas 44,5%, isso significa que a maioria absoluta das mulheres está fora do mercado de trabalho brasileiro. Além disso, as mulheres são mais da metade dos desempregados e em todas as regiões do país foram identificadas diferenças importantes na taxa de desocupação por sexo. No geral, o desemprego entre as elas é cerca de 30% mais alta do que entre homens. Enquanto a desocupação masculina foi da ordem de 10,7%, entre as mulheres é de 13,8%.

A diferença também é grande quando se compara o desemprego de trabalhadores brancos (9,5%) com trabalhadores de cor preta (14,4%) e parda (14,1%), conforme a classificação do IBGE. Com relação ao rendimento, enquanto o rendimento médio dos brancos foi estimado em R$ 2.660, acima da média nacional, no quarto trimestre (R$ 2.043). O dos pardos cai para R$ 1.480 e o dos pretos, para R$ 1.461.

Por outro lado, o tempo de busca por emprego também aumentou. No geral, o tempo de duração de procura varia de um mês a um ano, mas a parcela que mais cresceu no último período foi a dos trabalhadores que estão procurando emprego há mais de um ano ou mais de dois anos. Nesse último segmento de desempregados, o contingente já supera os 2 milhões de pessoa.

Esses números revelam a intensidade da crise, que atinge em cheio a classe trabalhadora brasileira. Em meio ao mar de lama que veio à tona a partir da Operação Lava Jato, cujos escândalos de corrupção envolvendo políticos e empresários o governo tenta desesperadamente estancar, medidas ainda mais duras são negociadas pelo andar de cima para garantir que os bolsos dos ricos sigam cheios, nem que para isso tenham que nos fazer sangrar. E se a reforma da Previdência passar, o que já está ruim vai ficar ainda pior, diante desse quadro não temos outra alternativa que não seja organizar nosso time e unificar as lutas numa grande greve geral para barrar as reformas e derrotar o governo Temer e seus comparsas.

8 de março
No dia 8 de março, mulheres do mundo todos sairão às ruas para protestar contra o machismo, a violência e a retirada de direitos. Aqui no Brasil, devemos aproveitar o chamado à greve internacional de mulheres para botar nosso bloco na rua também, unindo nossas demandas específicas à luta de todos os trabalhadores contra o governo e seus ataques. Precisamos ainda fazer do 15 de março, data acordada pelas centrais sindicais, um importante dia de mobilizações, que aglutine todos os setores em luta rumo a greve geral que necessitamos. É preciso construir fortes mobilizações nesses dias, e exigir que a Força Sindical e a CUT convoquem realmente a greve geral.

O momento exige de cada um de nós toda a garra e disposição. Ajude você também a fortalecer esses dias de luta. Chame uma reunião e forme um comitê no seu local de trabalho, na sua escola e no seu bairro, participe das atividades que já estão marcadas ou organize mobilizações ou paralisações nos dias 8 e 15 de março, exija de seu sindicato que convoque uma assembleia e se incorpore na luta contra o desemprego e as reformas, em defesa da greve geral contra os ataques, pelo Fora Temer e todos os corruptos.

Mas não paremos por aí. Fortaleçamos uma alternativa operária para o país. Lutemos por um governo socialista dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos, que governe através de conselhos populares, em prol dos interesses da nossa classe.