Para garantir a base aliada e visando à reeleição, Lula ampliará espaço do PMDB e PP no governoDeve ser anunciada nos próximos dias a complicada reforma ministerial do governo Lula. Anunciada desde o fim de 2004, o governo vem adiando a sua conclusão em virtude da derrota política que sofreu na eleição para a presidência da Câmara, perpetrada pelos partidos de oposição de direita (PSDB e PFL).
Apesar das mudanças ainda não terem sido anunciadas, as declarações na imprensa, feitas pelos dirigentes petistas, já indicam que o governo Lula seguirá aprofundando seu curso à direita. É certa a saída de vários ministros do PT para dar lugar aos partidos burgueses aliados do governo, como PP, PTB e setores governistas do PMDB.
O PCdoB também deverá perder espaço no governo e, provavelmente, o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, será substituído pelo ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha ou pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu.
O PP, de Severino Cavalcanti, Delfim Neto e Paulo Maluf, deverá ganhar um ministério e ampliar seus cargos nas estatais. O próprio Severino Cavalcanti deverá indicar o nome para o cargo ministerial. Em troca, o presidente da Câmara promete acelerar a votação dos projetos do governo como a reforma Sindical, Trabalhista e Universitária no Congresso Nacional. Nem o mais otimista dos representantes do chamado baixo clero parlamentares que sempre viveram às sombras de negociatas sonharia que chegaria tão alto. Não deixa de ser irônico que isso aconteça justamente no governo do PT.
O PMDB, que hoje controla o Ministério das Comunicações, deverá levar mais dois ministérios. Os nomes mais cotados, por enquanto, são o do senador Romero Jucá (ex-líder do governo FHC no Congresso), indicado pelo presidente do Senado, Renan Calheiro, e Roseana Sarney (filha de José Sarney do PMDB) que, apesar de estar no PFL, possui como credencial peemedebista a sua certidão de nascimento.
É interessante imaginar como os que ainda se reivindicam de esquerda no PT vão poder continuar defendendo o governo, com um ministério de representantes de Maluf, Sarney, Jader Barbalho e Delfim Neto.
O balcão de sempre
O clima de degradação, como de costume, segue de vento em popa no Congresso. Como se fossem predadores atrás do cheiro de carne, os parlamentares de diversos partidos procuram tirar o melhor proveito possível das novas ofertas o nome certo é loteamento de cargos e ganhos. Um exemplo típico foi relatado pela reportagem da revista IstoÉ desta semana. De acordo com a reportagem, um parlamentar, cujo nome e partido não foram divulgados, depois que foi sondado pelo planalto sobre a reforma ministerial, declarou: O negócio da política é econômico: quanto eu ganho, quanto eu levo. Os partidos também exigem carta branca no preenchimento dos cargos no segundo e no terceiro escalão. Atualmente, o PT ocupa 67% desses cargos.
2006 à vista
O troca-troca ministerial sela o curso à direita do governo federal. O objetivo de Lula é forjar desde já uma ampla aliança eleitoral com PMDB, PP e PTB para as eleições presidenciais em 2006. Lula quer uma aliança estratégica com o PMDB, no governo de coalizão e na aliança de 2006, atesta Renan Calheiros.
A derrota nas eleições municipais do ano passado e o desgaste político causado pela derrota na Câmara precipitaram a ação do governo. Dessa forma, Lula não medirá esforços para entregar aos partidos aliados de direita o cargo de hoje que poderá assegurar o apoio de amanhã. Com isso, Lula também pretende recompor uma maioria governista no Congresso Nacional para seguir aprovando suas reformas neoliberais, junto, é claro, com os picaretas que um dia execrou.