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PSTU-Correios

A luta contra a privatização do plano Correios Saúde começou em 2014, quando mais de 14 bases sindicais fizeram 43 dias de greve na tentativa de impedir a criação da Operadora de Planos Privados Postal Saúde. Infelizmente, naquela ocasião os sindicalistas que apoiavam o governo federal, na época Dilma (PT), tanto os da Fentect como da Findect boicotaram a luta ajudando a direção da empresa. Os trabalhadores que fizeram aquela greve sempre deixaram claro que aquela luta era determinante para barrar o ataque ao nosso melhor benefício conquistado.

Podemos afirmar hoje que se tivesse havido uma unidade de todos os sindicatos naquele momento, era bem provável que não estávamos vivendo esta situação de hoje. Portanto, se vier a confirmar a cobrança de mensalidades e exclusão dos pais e mães do plano de saúde, estes dirigentes vacilantes juntos com a direção da ECT serão os principais culpados.

Reafirmamos que a vitoriosa greve de 43 dias contra a privatização do plano Correios Saúde, foi determinante para seguirmos resistindo e impedindo o aprofundamento dos ataques. Nossa lutadora categoria fez história e demonstrou que esse é o caminho a ser seguido.

A audiência no TST no dia 22 de fevereiro foi mais um jogo de encenação de uma conciliação sobre o plano de saúde, onde o objetivo central da ECT e Governo é impor cobrança de mensalidades aos participantes e excluir os pais e mães do nosso plano de saúde. Ou seja, nada de novo para nós trabalhadores dos Correios que vimos lutando há muitos anos contra os ataques da empresa que insiste em fazer os trabalhadores pagar esta conta que não criamos.

A proposta apresentada pelo ministro do TST, Aloysio Correa, não traz nada de novo. Ele só seguiu os passos que o outro ministro, Emanuel Pereira deixou pronto. Inclusive acelerando-os para ajudar a direção da empresa e governo Temer. Isso ficou muito claro quando questionamos o prazo para fazermos as assembleias. A artimanha da combinação é tão grande que ele deixou escapar que o julgamento de 12 de março tinha que ter acontecido na SDC (Seção Especializada em Dissídios Coletivos), sem esclarecer os motivos de tanta pressa.

O presidente da ECT, Guilherme Campos, queria que os representantes dos trabalhadores respondessem sob a proposta deles em apenas cinco dias. Quando afirmamos que isto era impossível, o Sr. Guilherme Campos já foi adiantando que ele não precisava de mais do que 24h. Tudo isso para pressionar o Ministro do TST a manter aquele prazo. Depois de argumentarmos que era impossível ficou decidido dez dias corridos. Na prática, vamos ter oito dias para fazer assembleias e avaliar a proposta. E, no dia 6 de março levarmos o resultado das assembleias para o TST.

Ficou muito claro que os ministros do TST compraram a ideia da direção da empresa de que os trabalhadores devam custear esta alta conta pagando mensalidades e excluindo seus pais e mães do plano de saúde. Para piorar, a direção dos Correios apresenta um “déficit” abstrato, para acreditarmos que é verdadeiro, mesmo os representantes dos trabalhadores afirmando que não tiveram acesso aos dados contábeis solicitados. A direção da ECT também não consegue desmentir que antes de a operadora de planos privados Postal Saúde ser criada, os gastos não chegavam a R$ 800 milhões. Mas, agora eles falam em déficit da R$ 1.8 bilhões.

Quando os representantes dos trabalhadores argumentaram que não tem como pagar mensalidades, já que os salários da categoria são muito baixos, o ministro do TST demonstrou irritação e falou que “os tempos mudaram e a empresa não tem condições de manter o plano como está”, repetindo o mesmo discurso já manjado do presidente Guilherme Campos. Na proposta do ministro agora foi incluído um atrativo ilusório para os beneficiários indicarem um membro da direção executiva e na presidência do conselho fiscal da Operadora Postal Saúde.

Mais uma vez, fica demonstrado um jogo combinado com a direção da empresa de que está “democratizando” a gestão do plano. Sabemos que isso não resolverá o nosso problema, pois só tornará o movimento sindical como cúmplice dos ataques no pagamento de mensalidades e exclusão dos pais e mães.

O que está por trás do ataque ao Plano de Saúde?
A postura arrogante do presidente Guilherme Campos continua sendo a mesma de sempre, aterrorizar e ameaçar o tempo todo, e nos parece que o TST está correndo junto com ele. Não escondem de ninguém que a proposta é para os trabalhadores custearem 50% do plano. Deixaram bem evidente que se quisermos manter os pais e mães, teremos que custear 50%. A proposta é clara: fixação de mensalidades, coparticipação com limites de descontos, e uma regra de transição para os pais e mães em tratamento até serem liberados com alta médica do próprio plano, bem como a criação de um outro plano alternativo.

Como pegadinha, estão querendo impor a vigência de dois anos para a cláusula da Assistência Médica na assinatura do Acordo Coletivo deste ano. Sabemos que o objetivo do presidente dos Correios, Guilherme Campos é liquidar esta questão antes de sua saída da ECT, para ser candidato a deputado federal e, em seguida, apresentar a fatura aos seus amigos empresários do milionário mercado de saúde suplementar que financiam suas campanhas eleitorais.

Conforme informações no site do TSE, financiaram a campanha eleitoral de Guilherme Campos, em 2014, as seguintes empresas deste mercado: Medservice – Operadora de Planos de Saúde S/A, R$ 75 mil reais; Amil, R$ 100 mil; Bradesco Saúde: R$ 100 mil e Bradesco Vida e Previdência: R$ 250 mil reais. Portanto, queremos saber se o empenho desesperado do presidente da ECT, atacando nosso plano de saúde, tem a ver com alguma dívida de gratidão ou acerto de contas com este seguimento empresarial?

O papel das direções
Apesar de a direção da FENTECT ter encaminhado a greve dia 12 de março, exigimos mais empenho e iniciativas da maioria das direções dos seus sindicatos. Algumas direções já marcaram assembleias e começaram a discutir com os trabalhadores na base a greve do dia 12 de março. Todos os sindicatos da FINDECT, por sua vez, também devem encaminhar a greve para o dia 12e rejeitar a tentativa de rendição apresentada pelo presidente da FINDECT, que no TST insinuou um recuo falando em propostas semelhantes aos que os trabalhadores da Caixa Econômica Federal pagam hoje 30%, segundo ele.

Nesta luta temos que entrar forte, não dá para ficar falando que “até podemos fazer a luta, mas está difícil evitar a cobrança”, como temos assistido as posições de alguns dirigentes e lideranças sindicais. Por outro lado, também não concordamos com a tese de alguns ao insinuarem que “uma greve só vai beneficiar o TST julgar favorável a empresa”.

A saída para os trabalhadores
A FENTECT já aprovou fazer a greve no dia do julgamento no TST, conforme resolução debatida e aprovada no recente Conselho de Sindicatos (CONSIN), cuja orientação foi encaminhada através do seu INFORME 005/2018. Nós, militantes do PSTU nos Correios, acreditamos que só podemos virar este jogo com uma forte greve unificada em nível nacional, com a participação dos 36 sindicatos e das duas Federações.

Neste sentido, para de fato impedirmos os ataques da direção da empresa e TST, a greve tem que ser imediatamente votada e organizada nas assembleias dos sindicatos.

Não à exclusão dos pais e mães do Plano de Saúde
Não à cobrança de mensalidade, nem aumento do compartilhamento
Não ao descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho assinado no TST