
CSP Conlutas
Central Sindical e Popular
Os moradores da William Rosa receberam ofício de notificação do despejo da ocupação, previsto para ocorrer nas primeiras horas desta quinta-feira (22).
Embora o movimento Luta Popular e a CSP-Conlutas-MG estejam em meio a negociações com o governo, a juíza da 4ª Vara Cível de Contagem mantém o cumprimento da liminar da reintegração de posse.
No início desta semana, as famílias realizaram manifestações para cobrar do governo a suspensão da reintegração. Segundo informações do Movimento Luta Popular, os moradores estão sob forte pressão e tensão. Receberam panfletos com o alerta da reintegração de posse que poderá ser violenta.
Em comunicado da Ceasa/MG (Centrais de Abastecimentos de Minas Gerais), é orientado que, a partir das 3 horas da manhã, “os usuários do entreposto de Contagem deverão utilizar exclusivamente a entrada principal e as saídas da Ceasa situadas na BR-040″, a fim de evitar local em que ocorrerá operação da Polícia Militar. O comunicado revela forte indício de que a reintegração realmente deve acontecer nesta quarta.
O Movimento Luta Popular e as ocupações William Rosa e Marião pedem apoio e presença em uma vigília organizada para esta noite.
Leia abaixo comunicado do Luta Popular
O Luta Popular e a CSP-Conlutas de Minas Gerais correm o risco de sofrerem um duro ataque do governador Fernando Pimentel (PT)
A situação William Rosa e Marião permanece tensa!
Solicitamos a todos os apoiadores que se mantenham em alerta e, se possível, preparem-se para estarem conosco em vigília durante esta noite e madrugada.
No dia de ontem pela manhã o 18° batalhão de Contagem, sem cumprir as exigências de protocolo, notificou a ocupação de que o despejo da ocupação William Rosa está agendado para acontecer a partir do dia 22 de junho, quinta feira.
Junto com a notificação, fomos chamados pelo governo do estado, através da Cohab, para uma reunião onde apresentariam uma proposta aos moradores.
De acordo com o representante do governo, a prefeitura de Contagem doaria terreno para que a empresa Direcional construa 432 apartamentos para as famílias em um prazo de 1,5 ano. A direcional deve uma contrapartida ao município pela concessão para o mega empreendimento que desenvolveu perto ao Shopping Itaú.
Até que a construção se efetive a prefeitura disponibilizará terrenos para abrigamento provisório das 432 famílias em condições similares a que estão hoje, garantindo os 50m² para cada moradia. A Cohab garantiria madeirite, cimento e telhas para a construção das barracas e o transporte das mudanças para os locais.
Deste encontro ficou acertada a realização de uma nova reunião hoje às 16h, onde outros agentes foram convocados.
A proposta foi apresentada ao movimento após ter sido realizada uma reunião entre o Governador do Estado, presidente da Cohab e representantes da OAB. No entanto, o governo do estado não garante o não cumprimento da reintegração de posse, agendada para dia 22, o que fariam é mais uma tentativa de suspensão na Justiça.
Infelizmente o que temos visto até hoje é uma extrema parcialidade e insensibilidade da justiça para os conflitos que envolem moradia e para este em especial.
A movimentação do governo é uma resposta à mobilização e disposição de resistência que as famílias mostraram nestes últimos 4 anos. Em especial nestes últimos 20 dias após o agendamento do despejo. É também fruto do empenho de apoiadores e lutadores da cidade que entendem o quão insano é tentar despejar a William Rosa.
Em assembléia os moradores das duas ocupações apontaram por aceitar a proposta apresentada, caso ela se concretize. No entanto, continuam aflitos. A decisão de despejo a partir do dia 22 (amanhã) permanece. O terror no entorno feito pela polícia, aliados do poder e pela Ceasa continua intenso.
Além disso, os terrenos não foram apontados, onde estão localizados? Caberá de fato todas as famílias? Terá escola, posto de saúde e transporte para todos? Quais as garantias de que a construção das unidades habitacionais será efetuada no prazo? Onde os apartamentos serão construídos?
As famílias nunca se negaram a negociar, a 4 anos apontaram que aceitariam a proposta de sair do terreno e se transferirem para moradias de programas estatais. A não concretização das propostas até o momento foi exclusivamente fruto da inoperância e indisposição dos entes públicos e da intransigência da Ceasa.
Por isto, é lamentável que estejamos indo a uma negociação sob ameaça de derramamento de sangue.
Os 1700 moradores das ocupações William Rosa e Marião querem uma saída digna de moradia e estão dispostos a lutar até que isto aconteça. Sabem que enfrentam forças poderosas o poder estatal, o peso da mão de Newton Cardoso (responsável pela direção da Ceasa) que continua sendo um cacique em Contagem e no Estado de Minas.
Mas as famílias pobres e trabalhadoras têm ao seu lado a razão que vêm da necessidade e da justeza de sua luta e o apoio e solidariedade de lutadores honestos.
Despejo é absoluta covardia!
É preciso suspender imediatamente a reintegração de posse e garantir a negociação acordada como única alternativa para evitar uma catástrofe social!
As famílias e o movimento estão dispostas a aceitar a proposta, mas é preciso impedir o despejo!
A posição do Governo de Pimentel (PT) tem sinalizado que fingem uma negociação e um acordo para resolver o problema das 432 pais e mães de família, mas na verdade mantém a realização de uma verdadeira operação de guerra para realizar mais um despejo brutal!
Exigimos que seja suspenso o despejo!