José Maria Marin, vice-presidente da CBF e que até o mês passado presidia a entidade

A prisão de alguns dos principais dirigentes da Fifa nesta quarta-feira mostra bem o antro de corrupção que a entidade é. Sete dirigentes da mais alta autoridade do futebol mundial foram presos na Suíça em uma ação conjunta que envolveu a polícia suíça e o FBI. Entre os presos está José Maria Marin, vice-presidente da CBF e que até o mês passado presidia a entidade.

Os pedidos de prisão foram feitos pela Justiça norte-americana baseado num processo por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, que também envolve grandes empresários do esporte. São no total 47 acusações em 12 anos de investigação contra os dirigentes. O esquema de corrupção era baseado em cobranças de subornos e propinas que movimentava milhões de dólares há pelo menos duas gerações.

Outro preso bastante conhecido por aqui é José Hawilla, dono da Traffic, agência de marketing esportivo. Segundo a Justiça norte-americana, o brasileiro já assumiu culpa pelos crimes de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.

Suspeita-se que as Copas em 2018 na Rússia e a de 2022 no Catar tenham sido definidas mediante subornos, que também ocorriam para decidir as transmissões de TV e a própria direção da entidade.

E no Brasil?

Impossível não se lembrar neste momento dos mandos e desmandos da Fifa durante a Copa do Mundo no ano passado. O governo e o Congresso Nacional aprovaram a chamada Lei Geral da Copa concedendo diversos privilégios à Fifa, passando por cima das próprias leis do país pelos lucros da entidade. Isenta de pagar R$ 1 bilhão em impostos, a Fifa teve lucro recorde com a Copa aqui, enriquecendo R$ 16 bilhões com os jogos. E para proteger isso, teve à sua disposição todo o aparato de repressão da Polícia e do Exército, tendo o país vivendo um verdadeiro estado de exceção durante o período.

Também não dá pra esquecer neste momento do mar de lama em que se afunda cada vez mais a CBF. O mais recente escândalo foi revelado pelo jornal Estado de S. Paulo e mostra documentos firmados pelo então presidente da Confederação, Ricardo Teixeira, em 2012, com grupos empresariais que teriam total controle sobre a escalação da seleção brasileira. O contrato duraria até 2022 e obriga a CBF a informar esses grupos com antecedência a escalação, estabelecendo multa caso haja algum desfalque na lista definida pelos empresários.

Este é o quadro das entidades do futebol no Brasil e no mundo. Funcionam em base a corrupção e acordos espúrios com grandes grupos financeiros e empresariais.

Nesse meio de campo, o futebol perde de goleada pro marketing, a corrupção e a busca desenfreada de lucros.

 
 
 
 

Post author