Pela terceira vez consecutiva a Articulação Sindical foi derrotada nas eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, o terceiro maior do Estado de São Paulo. Mais importante, tratou-se da primeira derrota em uma eleição sindical da corrente que apoia incondicionalmente o governo Lula.
Este resultado eleitoral tem uma importância enorme pois foi uma disputa extremamente politizada, principalmente pela presença de importantes dirigentes nacionais do Partido dos Trabalhadores. A maioria da direção do PT, apoiada na imprensa da região, tentou reduzir a eleição a uma mera disputa de aparato entre PT e PSTU, mas os metalúrgicos mostraram conhecer a realidade nacional e os debates políticos que os cercam.

Vitória Esmagadora

Foram 8.132 votos para a chapa 1, composta por militantes do PSTU e da esquerda do PT e encabeçada por Luiz Carlos Prates, o Mancha. A outra chapa que concorria, da Articulação Sindical e apoiada pela Corrente Sindical Classista, recebeu 4.220 votos.
Apesar do forte aparato montado pelo PT para disputar a eleição, com uma campanha vistosamente mais rica, com cartazes, camisetas e militantes de todo pais, a vitória da atual diretoria foi categórica.
Nem o apoio das principais lideranças petistas, como o presidente nacional José Genoino, o deputado federal Vicentinho e o presidente da CUT, João Felício, foram suficientes para convencer os trabalhadores de que o sindicato deveria adotar uma política mais conciliadora diante do governo.
A chapa 1 também teve apoio de deputados do PT, como os federais Babá (PA), que fez campanha em portas de fábricas, Lindberg Farias (RJ) e Luciana Genro (RS), e dos estaduais paulistas Tiãozinho de Campinas e Renato Simões.

Polarização

De fato ocorreu uma polarização política entre dois projetos, que marcarão a disputa no próximo Congresso da CUT. De um lado a Articulação Sindical, defendendo claramente a política atual de adesão ao governo, apoiando inclusive as reformas previdenciária, trabalhista e política, o aumento da taxa de juros e a autonomia do BC. De outro, a chapa 1, defendendo um sindicato autônomo e com independência de classe, que esteja na primeira linha na defesa dos interesses dos trabalhadores, contra a conciliação, o pacto social, a continuidade das reformas de FHC, o pagamento da dívida externa e a ALCA.
O resultado das eleições do sindicato de São José dos Campos demonstram que, apesar das grandes expectativas que os trabalhadores ainda têm com o governo Lula e a possibilidade de mudanças estruturais em nosso país, estes escolheram manter em seu sindicato uma direção comprometida com a luta direta, a mobilização da classe e a independência frente aos patrões.

O resultado da eleição

Chapa 1 – 8.132 votos (66%)
(PSTU e esquerda do PT)

Chapa 2 – 4.220 votos (34%)
(Articulação Sindical e CSC)
Post author Américo Gomes,
de São Paulo
Publication Date