Exigimos que os culpados sejam punidos, essa chacina não pode ter como desculpa a morte do policial militar

Na madrugada do sábado (22), mais de 20 pessoas foram assassinadas na cidade de Manaus, uma chacina. Instaurou-se na população uma verdadeira onda de pânico e muitos questionamentos surgiram. Mas não parou por aí, na segunda feira o número chegou em 38 mortos.  O perfil das vítimas é parecido: jovens, trabalhadores e moradores da zona leste e oeste.  Zonas que são as das mais pobres de Manaus, e diferente do que querem fazer a população pensar, somente 8 possuem ficha na polícia.

Acredita-se que as mortes estão acontecendo em represália à morte de um policial militar, que foi assassinado saindo de uma agência bancária na sexta anterior à chacina. Pelo menos 17 assassinatos foram efetuados por armas de uso exclusivo da polícia, indicando que um grupo de extermínio está agindo de forma orquestrada, em horários aproximados e em zonas diferentes. Não é de hoje que a segurança pública do Amazonas vive esse caos. Nas últimas eleições, um escândalo de compra de votos do atual governador José Melo (PROS) e o crime organizado denunciou a ligação do governo do estado com o crime e a milícia. No governo anterior, José Melo empossou no alto escalão da segurança pública policiais envolvidos em vários crimes, inclusive alguns sendo processados e ligados a grupos de extermínio.

Quem paga a conta é a população pobre, que sofre todos os dias com o descaso e viveu um verdadeiro horror no final de semana mais sangrento e violento que Manaus já viu. A falta de investimentos em segurança e o descaso dos últimos governos de Eduardo Braga (PMDB), Omar Aziz (PSD) e José Mello fez com que o Amazonas subisse em 346,5% o número de homicídios nos últimos anos, sendo o oitavo estado onde mais jovens morrem no Brasil.

Exigimos que os culpados sejam punidos, essa chacina não pode ter como desculpa a morte do policial militar, é preciso intensificar os debates e a luta pela desmilitarização da PM, instituição filha da ditadura militar, que já deu provas de que não serve aos trabalhadores e à população pobre e negra da periferia.

 A atual política de segurança pública está esgotada, não apenas por que é incapaz de conter a violência, mas por não ter, na verdade, o interesse em combatê-la. Através de sua lógica de guerra, o Estado é quem, de fato, promove a violência das mais variadas formas. Chega de criminalização da pobreza! Não nos calaremos.