Os petroleiros reivindicam reposição da inflação entre setembro de 2002 e agosto de 2003 pelo ICV-DIEESE – 15,5% – e aumento real a título de produtividade – 6,8% – o que representa reajuste salarial de 23,35%. Também reivindicam fim das discriminações, da terceirização e recomposição dos efetivos próprios da empresa, reintegração dos demitidos nas greves de 1994 e 1995, fim da política de remuneração variável, com recuperação salarial e um novo plano de cargos e salários. Além de melhores condições de trabalho e segurança, garantia no emprego, redução da jornada de trabalho para o regime administrativo, sem redução de salários.
A Petrobrás, que teve lucro recorde, ofereceu 6% de reajuste. Os petroleiros deram uma resposta à intransigência e pararam com força no dia 10.

Mesmo diante de um indicativo confuso da direção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que não chamou a rejeição da proposta da empresa nem estabeleceu um limite para as negociações no sentido de organizar a greve, o que se viu foi uma forte mobilização. Nas refinarias, prédios administrativos e áreas de produção, a mobilização selou a unidade pela base.

As assembléias de base expressaram desconfiança em relação à direção da FUP e aos sindicatos governistas. Todos estão atentos ao fato de que, nas negociações, as posições do governo estão nos dois lados da mesa. Por isto, mesmo sem a indicação da FUP, algumas assembléias votaram a rejeição da contraproposta da empresa, que não atende às principais reivindicações.

Os trabalhadores da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio, de Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (Cubatão) e também os petroleiros de Sergipe, Pará e Rio de Janeiro exigem uma outra dinâmica à campanha.

Na Reduc os trabalhadores aprovaram um calendário para a campanha: limite das negociações dia 30/9; Plenária de base nos dias 28 e 29/9 e greve por tempo indeterminado a ser discutido nesta plenária. Também deliberou que o sindicato chame a unificação das campanhas salariais em curso.

Que a base decida e participe

A base exige total transparência, pois desconfia – corretamente – que sua direção está protelando as negociações e não está organizando a greve. Várias assembléias de base exigiram a transmissão das negociações ao vivo pela TV corporativa. Mas a direção da FUP ao invés de acatar a vontade da categoria, fez o oposto: aceitou negociar com a Petrobrás em lugar distante, em total desrespeito à decisão da base.
Neste sentido, em vez de um representante por sindicato que acompanhe as negociações como propõe a direção da FUP, a categoria deve eleger seus representantes nas assembléias para participar das negociações.

O dia 10 mostrou que nós temos que construir nossa campanha pela base. E isto significa começar a preparar a greve e estabelecer um limite para as negociações.

Post author Willian Côrbo,
petroleiro da Reduc, de Duque de Caxias (RJ)
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