Fotos de antes e depois da escultura de Mãe Stella de Oxóssi ser incendiada em Salvador (BA) | Fotos: Prefeitura de Salvador/Fundação Gregório de Mattos
PSTU-BA

A escultura de Mãe Stella de Oxóssi, que fica na avenida que leva o nome da ialorixá, em Salvador, foi incendiada, na madrugada ontem (4/12). Em nota à imprensa, enviada pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), a prefeitura confirmou o vandalismo. Mas um ataque racista e de intolerância às religiões de matrizes africanas.

Imagens registradas no local mostram que apenas a imagem de Mãe Stella foi atingida pelo fogo, enquanto a peça de Oxóssi, que fica logo atrás da obra da ialorixá, não foi atingida.

Esta é a segunda vez que a obra é vandalizada. Em setembro de 2019, a estrutura foi pichada. Ninguém foi preso pelo crime, na primeira ocasião. A obra foi confeccionada em resina de poliéster e fibra de vidro, pelo artista plástico Tatti Moreno, que morreu em julho deste ano.

A estátua dela tem dois metros de altura, enquanto a de Oxóssi tem 6,5 metros. Oxóssi era o orixá de cabeça de Mãe Stella e um dos principais do Candomblé. Ligado à natureza, ele é responsável por prover as refeições de todos, além de ser um forte guerreiro e grande sábio. Oxóssi, que é caçador, carrega um arco e flecha.

A peça foi instalada e inaugurada em abril de 2019. Mãe Stella morreu aos 93 anos, em dezembro de 2018, e foi uma das principais ialorixás do país. Ela foi uma sacerdotisa e grande conhecedora dos cultos e tradições do Candomblé. Lésbica, enfermeira por formação e escritora, ocupou a cadeira 33 da Academia de Letras da Bahia.

Apuração do crime

O crime foi registrado na 12ª Delegacia, em Itapuã, que acompanhará as investigações. A prefeitura informou que a Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal) fará a retirada da peça danificada para posterior recuperação.

Em nota, o Ilê Axé Opô Afonjá, terreiro que Mãe Stella de Oxóssi f oi ialorixá de 1976 a 2018, repudiou veementemente o que classificou como “ato criminoso contra a nossa ancestral que, ao longo de sua história, além de sempre defender o direito à liberdade religiosa para todos, construiu ações e escreveu sobre o legado do candomblé, com o objetivo de promover a preservação de seus valores culturais e sociais”.

O Ilê Axé Opô Afonjá diz que “tomará as devidas providências junto às autoridades competentes, com o objetivo de identificar os criminosos, além de pleitear a adoção das medidas cabíveis para evitar que esse crime se repita”.

O PSTU também repudia este crime racista e de intolerância às religiões de matrizes africanas. Que tal ação seja apurada, os criminosos identificados e punidos. Basta de racismo e de intolerância religiosa! Em defesa do direito à liberdade religiosa!