Redação
São Paulo |
Depois do plebiscito popular que contou com a participação de 10 milhões de brasileiros, a luta contra a Alca entra em uma nova fase. Os atos do dia 31 de outubro demonstraram que a campanha tem tudo para crescer e se fortalecer.
Agora é a hora de exigir com todas as nossas forças do novo governo, de Lula, o plebiscito oficial em 2003, para que o povo decida sobre a adesão ou não do Brasil ao acordo. Não poderemos esperar sentados enquanto o governo Lula seguirá negociando a Alca. Ainda mais agora, que indicou o deputado Paulo Delgado (PT-MG) como responsável pelas negociações da Alca na sua equipe de transição. É preciso dar continuidade à luta, pois somente assim arrancaremos o plebiscito oficial.
São Paulo
Quatro mil em passeata pela Avenida Paulista
Euclides Agrella
A concentração teve início às 14h na Praça Oswaldo Cruz. Depois os manifestantes saíram em passeata pela avenida Paulista, com uma faixa que abria a passeata com os dizeres: Não à Alca, saída imediata das negociações. Em frente ao Citibank foi queimada uma bandeira dos Estados Unidos e a manifestação terminou com um ato em frente ao prédio do Banco Central.
Dirceu Travesso, o Didi, falou pelo PSTU. Em sua fala, denunciou a presença do Deputado Paulo Delgado, do PT, como parte da delegação do governo brasileiro na reunião dos ministros dos países do Continente em Quito e exigiu do governo Lula que saia imediatamente das negociações, rasgue o acordo da base de Alcântara e garanta o plebiscito oficial.
Esta manifestação – apesar de contar com pouco apoio material e sem a convocação da maioria dos sindicatos – foi extremamente vitoriosa, e simbolizou a disposição de luta para dar continuidade à campanha contra a Alca no Estado de São Paulo, inclusive com a participação de companheiros do interior, vindos de cidades como Andradida, Marília e Bauru. No dia 9, uma plenária estadual irá discutir os próximos passos da campanha.
Rio de Janeiro
Enterro da Alca e da guerra de Bush
Simone Silva
O ato começou ao meio dia com uma concentração na Cinelândia, onde ocorreu uma feira com a exposição de materiais da campanha contra a Alca. Havia barracas da Unafisco, do MST, do PCdoB e do PSTU, com destaque para a do povo palestino.
A maioria dos presentes era composta de estudantes, servidores públicos e sem-terra. Às 16h saiu uma passeata com mais de 200 companheiros em direção ao Consulado norte-americano. Na manifestação havia bonecos de Bush e FHC e um caixão que simbolizava a Alca. Em frente ao Consulado foi queimada uma bandeira dos Estados Unidos.
Estavam presentes representantes do PSTU, do PCdoB e do PCB. Embora militantes do PT estivessem presentes, não havia representação oficial do partido. Cyro Garcia, ex-candidato a governador, falou pelo PSTU e exigiu que o governo de Lula convoque o plebiscito oficial sobre a Alca em 2003. Carlos Alves, ex-candidato a deputado estadual pelo PT, conclamou a que o ato repudiasse a presença de Paulo Delgado, representante da equipe de transição de Lula, na reunião dos ministros em Quito e afirmou que o lugar de Delgado deveria ser nos atos contra a Alca e não naquela reunião.
No final do ato, um provocador surgido do meio da multidão jogou sal na polícia, que acabou agredindo alguns manifestantes com cassetetes. Para encerrar a atividade, a manifestação voltou para a Cinelândia onde houve apresentações teatrais e musicais.
Fortaleza
Bandeira americana é queimada em frente ao McDonalds
Nericilda Rocha
O ato contra a Alca em Fortaleza neste dia 31 de outubro reuniu pouco mais de 300 pessoas, em sua maioria trabalhadores da construção civil, ativistas das pastorais sociais e estudantes secundaristas e universitários.
A manifestação ocorreu no centro da cidade, em frente à loja do McDonalds. Seu ponto alto foi a queima da bandeira dos Estados Unidos. Além de protestar contra a implementação da Alca, o ato marcou a luta contra a nova corrida armamentista do imperialismo norte-americano com a palavra-de-ordem: Chega de bomba, chega de ataque, fora o imperialismo do Iraque.
Houve uma completa ausência das bandeiras do PT e do PCdoB. Dentre os oradores, padre Alberto, um dos principais organizadores do Grito dos Excluídos no Ceará, fez uma intervenção exigindo do governo de Lula um posicionamento claro contra a Alca. Na segunda-feira, 04 de novembro, uma plenária estadual discutiu a proposta de uma romaria até Alcântara (MA) contra a entrega da base aos Estados Unidos.
Porto Alegre
Gaúchos invadem o Citibank debaixo de chuva
Altemir Coser
Apesar da chuva que caía sobre Porto Alegre no dia 31, o ato foi mantido. Ao todo éramos cerca de 300 pessoas, na sua maioria estudantes secundaristas e sem-terra. Também estavam presentes dirigentes sindicais e militantes de outros movimentos sociais, como os Meninos e Meninas de Rua e o Movimento dos Trabalhadores Desempregados.
Por volta do meio-dia, teve início uma passeata pelas ruas do centro da cidade até a agência central do Citibank. Lá, a manifestação entrou no saguão do banco, mantendo o acesso fechado por mais de uma hora.
A passeata e o ato foram aquecidos com palavras de ordem: Fora já, fora daqui, a Alca, a Fome e o FMI; Dívida Externa não pago não, quero dinheiro pra saúde e educação; Com Lula eleito desta vez, quero plebiscito oficial em 2003; e Yanques fora, fora daqui a Alca e o FMI. Júlio Flores falou pelo PSTU. Além de denunciar a ALCA, Júlio exigiu de Lula a convocação do plebiscito oficial.
Ao final foi queimada uma bandeira dos EUA. Apesar do frio e da chuva, o ato foi muito positivo e manteve a campanha na rua, animando todos os ativistas que se fizeram presentes. A luta contra a Alca continua e em Porto Alegre nos sentimos parte da luta continental que houve nesta quinta feira, dia 31 de outubro.
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