Os atos do dia 31 realizados nas principais capitais brasileiras demonstraram que a campanha tem tudo para crescer e se fortalecer, depois do plebiscito popular que contou com 10 milhões de votos.
As manifestações ocorreram em todo o país, no dia em que tinha início uma nova rodada de negociações entre os ministros de comércio dos países que discutem o Acordo para a implantação da ALCA, em Quito, capital do Equador. Na ocasião, o Brasil e os Estados Unidos assumiram a presidência das negociações da Alca e nosso país esteve representado pelo embaixador Celso Lafer e pelo deputado Paulo Delgado (PT-MG).
Em Quito, as manifestações foram massivas, reunindo as comunidades indígenas, sindicalistas, camponeses e estudantes. O ato, que também contou com delegações do Brasil e de vários países, foi marcado também por conflitos com as forças de segurança nas proximidades do encontro.
Atos em São Paulo e no Rio demonstraram que é possível construir uma ampla campanha para que o Brasil rompa as negociações com a Alca. Em São Paulo, cerca de quatro mil pessoas participaram de uma passeta que parou parte da Avenida Paulista e que culminou em um ato em frente ao Banco Central (BC). No local, os manifestantes queimaram uma bandeira dos EUA.
No Rio de Janeiro, o protesto teve início com uma feira de informações na Cinelândia e uma passeta até o Consulado norte-americano. Bem humorada, a passeata tinha bonecos de Bush e FHC e um caixão simbolizando o enterro da Alca e da Guerra de Bush. Em frente ao consulado dos EUA, uma bandeira daquele país também foi queimada. No final do ato, um provocador atirou sal na polícia, que acabou agredindo alguns manifestantes com cassetetes. As manifestações no Rio terminaram com um ato cultural na Cinelândia.
Além das bandeiras queimadas e da disposição de luta, os atos nas capitais brasileiras tiveram outras duas coisas em comum: a ausência de representantes do Partido dos Trabalhadores e o protesto dos ativistas e até de militantes petistas com a ida de Paulo Delgado para o encontro em Quito.
No Rio de Janeiro, Cyro Garcia, ex-candidato ao governo do Estado pelo PSTU, exigiu que o Governo Lula convoque um plebiscito oficial. Carlos Alves, ex-candidato a deputado estadual pelo PT, declarou que o lugar de Paulo Delgado deveria ser nas manifestações e não no encontro de chefes de estado. Em São Paulo, Dirceu Travesso, ex-candidato ao governo do Estado, falou pelo PSTU e exigiu que Lula saía das negociações e rasgue o acordo da Base de Alcântara. Em Fortaleza, padre Alberto, um dos principais organizadores do Grito dos Excluídos no Ceará, exigiu de Lula um posicionamento claro contra a Alca. Em Porto Alegre, após uma passeata pelo centro e de uma manifestação que manteve fechada por uma hora a agência central do Citibank, o companheiro Júlio Flores, ex-candidato a governador, falou pelo PSTU e também exigiu a convocação de um plebiscito oficial.