Jovens de classe média alta espancam homossexuais e ficam soltosUma das avenidas mais conhecidas do país foi palco para cenas de barbárie na manhã desse domingo, dia 14 de novembro. Em plena Avenida Paulista, um grupo de cinco jovens espancou brutalmente quatro pessoas que caminhavam pela calçada.

O grupo atacou primeiro dois jovens que caminhavam, por volta das 6h30, próximo à Estação Brigadeiro do metrô. Um deles conseguiu fugir, mas o outro foi espancado com chutes, socos e pontapés. Testemunhas asseguraram que, durante o espancamento, os agressores desferiam insultos homofóbicos. A vítima foi socorrida e hospitalizada.

Após essa primeira agressão, o grupo atacou ainda um outro rapaz na mesma Avenida Paulista, desta vez com bastões de lâmpada fluorescente. Um dos jovens arrebentou o bastão na cabeça da vítima, que também teve de ser hospitalizada. O espancamento só parou com a chegada de seguranças de lojas das redondezas. As testemunhas chamaram a polícia, que deteve os agressores.

Já na delegacia, uma outra vítima apareceu para prestar queixa contra uma agressão ocorrida na mesma região. Ela reconheceu dois dos cinco agressores, fazendo subir para quatro o número de vítimas do grupo de jovens espancadores.

Homofobia e impunidade
Os agressores são jovens de classe média alta, estudantes de escolas particulares e moradores de uma região nobre da cidade. Um deles, Jonathan Lauton Domingues, com 19 anos, é o único maior de idade. O restante tem entre 16 e 17 anos.

Se a agressão em si, de caráter nitidamente homofóbico, já é um escândalo, a liberação dos delinqüentes apenas poucas horas após serem detidos, chega a ser revoltante. Os menores haviam sidos encaminhados à Fundação Casa (antiga FEBEM), mas foram liberados no mesmo dia. O maior de idade havia sido encaminhado à Casa de Detenção, mas liberado no dia seguinte.

A condescendência aos criminosos parece não ter limites. A mãe de um dos adolescentes presos chegou a classificar os espancamentos como uma mera “infantilidade”. O advogado de um deles tentou ainda amenizar os ataques à imprensa: “Eles podem não ser vítimas, mas não são algozes assim”, teve a coragem de declarar o advogado Orlando Machado Júnior.

A linha de defesa adotada pelo advogado é outro exemplo dantesco de homofobia. Segundo o defensor, os jovens teriam sido “flertados” pelas vítimas na rua, o que teria motivado o início de uma “briga”. O argumento, além de inverídico, já que diversas testemunhas confirmam que o que houve foi um ato de agressão gratuito, parte do princípio de que, diante de um “flerte” de um homossexual, a violência é justificada ou minimizada.

Como se não bastasse esse caso, no mesmo dia no Rio de Janeiro um jovem homossexual foi baleado na barriga após a Parada Gay. Segundo o jovem, ele e um amigo foram parados por militares uniformizados, que os insultaram e, por fim, alvejaram o rapaz.

Um país homofóbico
Esses dois casos estarrecedores confirmam a pecha do Brasil de um dos países mais violentos e intolerantes contra os homossexuais. Ocorrem ainda poucas semanas após as eleições presidenciais, que contaram com um avanço da propaganda conservadora, machista e homofóbica, que fez tanto Dilma quanto Serra declararem-se contrários ao aborto e ao casamento gay. Propaganda que contou com cenas bizarras, como os outdoors do pastor Silas Malafaia espalhados pelo Rio com os dizeres “Deus fez o homem e a mulher”.

Os espancamentos refletem ainda o caráter de classe da homofobia. Embora ela atinja homossexuais de todas as classes, os mais pobres são os que mais sofrem. E os ricos, como ficou claro com a impunidade aos delinqüentes de classe média alta, ficam livres para atacarem novamente.

As agressões mostraram a urgência da luta pela imediata criminalização da homofobia, que deve ser travada juntamente à batalha por todos os direitos aos LGBT´s, numa perspectiva de classe e socialista, pois não há capitalismo sem homofobia.

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