Fotos Sergio Koei

Atividade ocorreu em almoço comunitário que reuniu mais de 100 pessoas em São Paulo

Fundada em 1º de fevereiro deste ano, a USIH (União Social dos Imigrantes Haitianos) começa a dar seus primeiros passos. Avança na sua consolidação política enquanto ferramenta de luta dos haitianos no Brasil, organizando a luta dos trabalhadores haitianos que chegam aqui sem documentos, moradia e trabalho e que sofrem com a xenofobia e o racismo, assim como na luta pela retirada das tropas estrangeiras em seu país.

Nesse domingo, 12 de abril, ocorreu a primeira atividade pública da USIH em São Paulo. Mais de 100 haitianos passaram pelo salão de atividades da Igreja da Paz e participaram do almoço comunitário. Eles discutiram os problemas enfrentados enquanto imigrantes e também os próximos passos a serem dados na construção da USIH e o congresso da CSP-Conlutas. A Associação foi fundada com o apoio da Central e já nasceu filiada à CSP-Conlutas.

Fedo Bacourt, entusiasmado, pontuou: “Hoje, tivemos uma grande reunião, que deu certo, e agora vamos seguir com a CSP-Conlutas e o Quilombo Raça e Classe, para melhorar a situação dos haitianos que estão chegando pelo Acre, que chegam em São Paulo sem local para dormir e sem nenhum documento”. Sobre os postos de trabalho aqui no Brasil, Fedo afirma que “em Santa Catarina tem muitos haitianos trabalhando, mas aqui em São Paulo tem muito desemprego, precisamos muito de trabalho para nos sustentar, pagar nosso aluguel e comer, a vida aqui é muito cara”. Além do sustento aqui no Brasil, Fedo chama a atenção para o fato de que a maioria dos trabalhadores haitianos mandam suas economias para o sustento de familiares que seguem no Haiti.         

A atividade contou com a presença da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre), MML (Movimento Mulheres em Luta) e Quilombo Raça e Classe. Janaína Oliveira, da executiva da ANEL, colocou a importância da juventude tomar para si a luta dos imigrantes haitianos. “Essa semana, o congresso aprovou a PL 4330. Ele ainda está em fase de encaminhamento, mas é importante lembrar que hoje os imigrantes haitianos e africanos já vivem isso, estão sem amparo legal, nos piores postos de trabalho, sob uma exploração gigantesca e baixos salários”, disse. “Precisamos dar uma basta e mostrar para o governo que queremos mais direitos e não menos, mostrar que não serão os imigrantes, a juventude e trabalhadores que pagarão pela crise!”, reafirmou.

Tamiris Rizzo, do Quilombo Raça e Classe, pontuou que “a nossa luta é negra, é feminista, é internacional, só assim é possível obtermos vitórias. É de uma alegria imensa estar aqui hoje., sabemos que o racismo que nós sofremos, vocês sofrem com o peso da xenofobia e é por isso que o Quilombo Raça e Classe saúda a USIH, por entendermos que nós e nossos irmãos haitianos só seremos livres quando derrotarmos o capitalismo!

Toussaint Micherlange, militante da USIH falou sobra a importância de organizar as mulheres haitianas. “É muito diferente morar aqui no Brasil, temos muitos problemas relacionado a trabalho e por sermos mulheres negras, piora. Ganhamos  pouco. Estamos fazendo um bom trabalho com a USIH, por enquanto somos só três mulheres na associação, mas queremos mais, queremos crescer”, afirmou.

Durante as falas, era feito um jogral com o nome da CSP-Conlutas. “Eu digo CSP e vocês Colutas! Vamos lá… CSP!”, e os demais gritavam: “Conlutas!”. Com o sentimento de vitória pela atividade e com a compreensão da importância de construir a USIH, Fedo finalizou sua fala chamando todos a construir o congresso da CSP-Conlutas, para avançar na luta dos imigrantes haitianos por direitos, trabalho e moradia e também para denunciar o papel que o Brasil cumpre no Haiti, enviando tropas para a Minustah.