Nem um, nem outro bloco representam a mudança que a classe trabalhadora, a juventude e o povo pobre exigem.
A mistura de comédia e de filme de terror que foi a votação pelo impeachment mostra bem o quão distante dos interesses da classe trabalhadora e da maioria do povo pobre do nosso país vivem governo e deputados. Sejam os que votaram a favor, sejam os que votaram contra o impeachment.
Enquanto a enorme maioria do povo quer que esse governo dos banqueiros se vá agora mesmo, PT, PCdoB, PSOL foram lá votar no “Fica Dilma”. Juntaram-se, ao lado deles, os que foram comprados pelo governo e por Lula, e entregaram o que venderam: o voto contra o impeachment. Sim, porque houve outros comprados que não entregaram a mercadoria. No dia seguinte, Lula e Dilma sentiam-se tristes com as traições, decepcionados com aliados “171” de carteirinha do tipo Maluf ou Tiririca e outros palhaços sem graça deste circo de horrores.
Do outro lado, votaram pelo impeachment a enorme maioria, boa parte liderada pelo bandido Eduardo Cunha. Usaram tanto o nome de Deus em vão e falaram tanto na família, que teve humorista perguntando se Deus faria alguma delação premiada na Lava Jato. Uma vergonha!
A maioria sente um misto de vitória com sabor amargo. Feliz por sair Dilma, mas triste e indignada com a possibilidade de assumir Temer.
Sempre dissemos que impeachment não era solução porque trocava seis por meia dúzia. Defendemos botar para fora todos eles: Dilma, Temer, Cunha, Aécio e esse Congresso. Essa é a necessidade e a vontade da maioria.
Nós precisamos de um governo socialista dos trabalhadores, sem corruptos e sem patrões, apoiado na nossa mobilização, em comitês de lutas e em conselhos populares formados em bairros, escolas e fábricas.
Se ainda não os temos, devemos exigir no mínimo eleições gerais já para todos: presidente, deputados, senadores, governadores. Eleições com novas regras, em que não possa concorrer quem estiver na lista da Lava Jato, sem financiamento de empresas, com tempo igual na televisão para todos os partidos, garantia que um deputado ganhe o mesmo salário que um professor ou de um operário.
Não temos por que aceitar e, menos ainda, defender que fique Dilma até 2018, como defendem PT, o PCdoB e, também, o PSOL. Se o povo elegeu e foi traído, tem de ter o direito de tirar. Nem podemos aceitar que assuma o vice Michel Temer, do PMDB, que foi eleito junto com Dilma, fazendo as mesmas promessas às quais traiu no dia seguinte à eleição. Ele é envolvido em corrupção até o último fio de cabelo, não tem apoio popular e não nos representa.
Vamos com a CSP-Conlutas, com o Espaço de Unidade de Ação, com centenas de sindicatos, movimentos populares e de juventude não governistas e alternativos à burocracia sindical, com o PSTU, com setores do PSOL, para construir uma manifestação alternativa a esses dois blocos.
Vamos colocar muitos milhares na Avenida Paulista no dia 1º de maio pelo “Fora todos eles”! Para defender uma greve geral que pare o Brasil. Por eleições gerais já com novas regras.