Cyro Garcia, Presidente do PSTU-RJ
Cyro Garcia, presidente do PSTU-RJ
A pandemia do Covid-19 segue se alastrando pelo mundo. São centenas de milhares de infectados e mais de 10 mil mortes. No Brasil são mais de 1600 infectados e 25 pessoas já morreram. Aqui no Rio tivemos 3 óbitos e o número de infectados aumenta com velocidade. Na quinta-feira, 19, eram 66 infectados, até o final do último domingo, já tinham confirmados 186 infectados. Os especialistas dizem que o mais provável é que o pico dos casos de coronavírus deva acontecer no mês de abril. Isso significa que a maioria será infectada nos próximos dias, já que o vírus pode ficar encubado por duas semanas até aparecerem os primeiros sintomas. Para enfrentar esse cenário a melhor saída é a não disseminação do vírus através do isolamento social, isto é, as pessoas devem ficar em casa e evitar o contato com outras pessoas.
Diante desta situação, o Prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) anunciou neste domingo medidas para enfrentar a pandemia na cidade do Rio. As medidas são extremamente insuficientes. Apesar de fechar o comércio (com algumas exceções) a partir desta terça, 24, Crivella mantém todo o setor da indústria e diversos setores de serviço, inclusive os que não são atividades essenciais, funcionando normalmente. Isso significa manter a circulação de muitas pessoas pela cidade. Justamente quando precisamos do máximo de isolamento social para a não disseminação do vírus. Crivella parece ser adepto da estupidez de Bolsonaro de que tudo não passa de uma fantasia e que há uma histeria em torno da pandemia de Covid-19.
A população em situação de rua
Uma das medidas anunciadas foi a abertura de 400 vagas em abrigos para a população em situação de rua. A prefeitura do Rio não possui dados atualizados, mas um levantamento da Defensoria Pública do município estima que são cerca de 15 mil pessoas nesta situação. A prefeitura só oferece 2300 vagas em abrigo, isso significa apenas 15% do total da população em situação de rua. Essas 400 vagas não suprem a demanda existente nesse momento tão delicado. Por outro lado, existe uma serie de imóveis vazios que podiam servir de abrigo. Apenas na zona portuária, segundo levantamento da consultoria imobiliária internacional New Mark, mais de 80% dos imóveis corporativos de alto padrão estão vagos. Isso sem contar os prédios públicos que estão abandonados sem nenhuma função social.
A prefeitura deveria disponibilizar imediatamente todos os prédios públicos, como hotéis, e, prédios abandonados, principalmente, nos grandes centros urbanos, para receber imediatamente a população em situação de rua, com acesso às condições adequadas de habitabilidade e higiene, com o fornecimento de kits gratuitos de alimentação e produtos para higiene pessoal. Além disso, deviam desapropriar sem indenização todos os prédios e imóveis abandonados há mais de cinco anos que não cumprem sua função social, para a construção de um plano de assentamento urbano, juntamente com os movimentos populares. Suspender todos os despejos de imóveis usados para moradia e regularizar e urbanizar todas as ocupações.
Os trabalhadores informais e autônomos
O prefeito também anunciou que estava adquirindo 20 mil cestas básicas para distribuir para os trabalhadores autônomos como camelôs e taxistas que terão suas rendas diminuídas nesse período. Assim como Bolsonaro anunciou R$ 200 na forma de “vouchers” para os trabalhadores informais, Crivella trata os trabalhadores com esmola. Essas medidas não resolverão o problema. É preciso conceder um auxílio crise de 1 salário mínimo para autônomos e desempregados. Suspender a cobrança das contas de água, luz, internet e cobrança de aluguéis, por parte das grandes imobiliárias (durante toda a crise).
Leitos para tratar os infectados e verba para saúde
Outra medida anunciada por Crivella foi a organização de um hospital de campanha no Rio Centro para atender os pacientes da rede municipal e, assim, abrir leitos para os pacientes de coronavírus. E indicou que o Hospital de Acari (Hospital Municipal Ronaldo Gazolla) possui 40 leitos dedicados aos pacientes infectados e que, em 15 dias, serão abertos um total de 372 leitos e, sendo necessário, abriria um novo hospital de campanha. Crivella também disse que estão alocando R$ 200 milhões na saúde para combater o coronavírus
Diante das medidas que não restringem parcelas maiores da população de circular pela cidade, esses leitos serão insuficientes para cuidar dos infectados nas próximas semanas. Basta notar que o sistema de saúde da Itália não deu conta de cuidar do número de infectados, não havia nem leitos suficientes. Sem contar que os números de infectados divulgados são bem inferiores, já que não estão aplicando os testes para identificar a doença em todas as pessoas. Já há relatos de gente morrendo sem acesso aos aparelhos de ventilação e não tem materiais básicos como máscaras e álcool gel para aqueles que chegam com os sintomas nos hospitais.
Crivella brinca com a vida dos trabalhadores. A verba destinada para saúde é insuficiente. É necessário fortalecer a saúde pública. Verbas imediatas para a saúde pública e construção emergencial de milhares de leitos de UTI. É preciso que a rede pública possa ter acesso a recursos emergenciais para ampliar profissionais, medicamentos, leitos etc. Recursos para medidas preventivas, como equipamentos, higienização dos pontos de grande concentração pública etc.
Como garantir as medidas necessárias? Suspender o pagamento da Dívida!
Para garantir todas as medidas e combater a pandemia de coronavírus é preciso investimento na saúde pública e em estrutura. De onde saíra esse dinheiro? Crivella e Bolsonaro se negam a tirar de quem tem mais, que é uma minoria, para resolver a situação da maioria da população. Bolsonaro chegou a anunciar uma Medida Provisória que abria a possibilidade dos empresários suspenderem os contratos de trabalho por 4 meses e deixarem de pagar os salários dos trabalhadores nesse período. Pela repercussão negativa e a pressão nas redes sociais ele voltou atrás. Mas as medidas destes senhores são sempre pensando em beneficiar os ricos e poderosos e colocando o peso da crise em nosso colo, dos trabalhadores.
Nenhum deles levantou a possibilidade de suspender o pagamento da dívida, por exemplo. Se não pagássemos a dívida, o país poderia investir trilhões de reais para enfrentar a pandemia. Seria possível fortalecer o SUS ampliando os leitos, os equipamentos e as equipes profissionais. De forma emergencial, dar auxílio de 1 salário mínimo para desempregados e trabalhadores informais e outra série de medidas. No orçamento do Rio votado para este ano, mais de R$ 2 bilhões são para pagar juros e amortização da dívida, ou seja, 10 vezes mais que o valor anunciado por Crivella. Mas para isso é necessário enfrentar os ricos e poderosos e nem Crivella nem Bolsonaro farão isso, pois governam para eles, defendem o capitalismo!
Os trabalhadores devem governar!
Por isso que os trabalhadores devem garantir pelas próprias mãos a aplicação dessas medidas, para isso é necessária uma Revolução Socialista que derrube esses governos e o capitalismo e que no seu lugar construamos um Governo dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos, apoiado em conselhos populares.