Foto PSTU-Rio
Marina Cintra, de São Paulo (SP)

14 de junho é Greve Geral e vamos parar tudo contra a reforma, contra os cortes da Educação e em defesa dos empregos!

Marina Cintra e Lucas Pereira, da Juventude Rebeldia

A reforma da Previdência pode parecer que não afeta os mais jovens, pois ainda estamos longe de nos aposentar, mas na realidade nós vamos ser um dos principais atingidos se for aprovada. Seremos aqueles que trabalharão até morrer!

Porque a reforma é ruim para a juventude?
A reforma da Previdência é uma bomba nos direitos da juventude. Com essa reforma, teremos que trabalhar mais: o tempo de contribuição e a idade mínima vão aumentar, assim muito possivelmente não vamos ter o valor integral da aposentadoria. No final, vamos ter trabalhado mais e recebido menos. Nós estamos nos empregos que não garantem direitos trabalhistas ou estamos desempregados. Desta forma, nunca vamos conseguir cumprir os critérios para nos aposentar recebendo o valor integral (40 anos com a reforma).

A proposta do governo Bolsonaro e de seu ministro Paulo Guedes é a de aplicar um regime de capitalização da Previdência.  Capitalização da Previdência significa privatização! Ou seja, um direito nosso se torna cada vez mais uma mercadoria!  Hoje em dia, a aposentadoria dos idosos é bancada pelos trabalhadores ativos e seus empregadores, que têm que pagar o INSS cada mês. Com a mudança de regime, a cada mês será descontado um valor do salário do trabalhador, que irá para uma “poupança” controlada pelos bancos ou outras entidades financeiras. No futuro, sua aposentadoria será tirada dessa “poupança”, o que significa que é possível que ela nem chegue a um salário mínimo. Isso se os bancos não quebrarem e roubarem todo dinheiro economizado. Sendo assim, vamos ter que guardar um salário de fome para pegar na hora de aposentar, mas tudo isso vai estar sendo gerenciado pelos banqueiros e pode acontecer igual ao Chile, que a maioria dos idosos recebeu no final da vida menos que um salário mínimo. No Chile, muitos idosos chegaram a se suicidar, porque chegaram ao fim da vida sem nada!

Junto com a capitalização, para piorar tudo ainda, Bolsonaro ainda quer fazer uma carteira verde-amarela, onde nós vamos ter que escolher entre ter um emprego que não tenha nenhum direito trabalhista ou vamos ficar sem emprego mesmo. Paulo Guedes, o ministro sanguessuga do governo, disse que isso seria ótimo, e que faria todos os jovens terem emprego. Vai ser ótimo para os banqueiros e empresários, que vão lucrar com a exploração do trabalho na juventude.

É por todos esses motivos que nós precisamos estar na linha de frente junto com os trabalhadores para construir uma Greve Geral para lutar contra as reformas e contra o governo. Não temos nada a perder!

A mídia, o governo e os empresários estão fazendo por aí uma grande campanha falando que devemos ser a favor da reforma, que só assim o Brasil vai andar pra frente. Isso aí é uma grande mentira! De fundo, o objetivo disso tudo é privatizar a Previdência.

Essa reforma é também uma política do imperialismo para o Brasil, já que a aprovação da mesma vai dar gigantes lucros a empresas do exterior, especialmente dos EUA. Na Argentina, por exemplo, uma reforma parecida com a nossa foi aprovada, mostrando que essa é uma política do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional). É por isso que também temos que gritar: Fora FMI e o Banco Mundial! Trump, tire as garras da América Latina!

Fotos Romerito Pontes

Reforma e desemprego
A reforma da Previdência vai gerar menos empregos, pois terá menos oferta de trabalho. É uma grande mentira quando dizem que vai gerar mais empregos. Isso por que os mais velhos vão precisar permanecer mais tempo no mercado de trabalho. Assim, não vai ter empregos para os mais novos.  Ou seja, vai aumentar o desemprego e vai aumentar mais ainda osempregos informais na juventude, como estágios, uber, marreteiro, etc. Empregos esses que não garantem direitos trabalhistas e não contribuem para a aposentadoria.  Assim, realmente, não vamos conseguir chegar ao tempo mínimo de contribuição para nos aposentar, pois teremos que lutar contra o desemprego e a informalidade!

O governo tinha dito também que a reforma trabalhista iria gerar mais empregos e melhorar o país, isso é a maior mentira que já foi contada nos últimos tempos.  Em primeiro lugar porque nossa vida está cada vez mais difícil e, segundo, que na verdade o desemprego vem aumentando. Em São Paulo, por exemplo, até o final de março, o desemprego aumentou em 16%! Esses dados na juventude são ainda piores, pois mais de 25% da juventude está desempregada!

Precarização do emprego e a situação das mulheres, negros e LGBT’s!
Estamos em uma situação péssima na sociedade. Entretanto, quando se trata dos setores oprimidos, essa realidade é ainda pior já que, somada à grave exploração na qual estamos submetidos, a opressão piora ainda mais a vida das LGBTs, mulheres e negros. A crise econômica aumenta ainda mais a situação de violência e amplia a desigualdade entre gênero e raça, o que produz maiores índices de desemprego feminino, especialmente para as mulheres negras, bem como o crescimento da diferença salarial entre homens e mulheres. Sem falar que as mulheres ainda são sobrecarregadas com duplas ou triplas jornadas de trabalho e que serão as maiores vítimas da pobreza e miséria caso essa reforma passe.

 

Para quem faz parte dos setores oprimidos, a dificuldade de conseguir um emprego de carteira assinada e se manter nele, é atravessada por uma realidade de violência, superexploração e medo. Muitas LGBT’s encontram-se em empregos precários. Para pessoas trans e travestis, num dos países que mais matam LGBTs no mundo, a realidade é ainda mais cruel já que, em média, a estimativa de vida é de 35 anos. Essas pessoas em sua maioria nem chegam perto de se aposentar e, enquanto estão vivas, são empurradas para informalidade e a prostituição. A realidade da exploração cotidiana é aprofundada pelas opressões, pois os capitalistas usam isso para lucrar mais. Com a reforma da Previdência, isso não será diferente. As mulheres, negros e LGBTs vão ser os mais atingidos.

A vida da juventude está um inferno
A reforma da Previdência, os ataques à Educação, a piora na vida da juventude de forma geral, só nos mostra que dentro do capitalismo a juventude não tem nenhuma perspectiva de presente e menos ainda de futuro. Estamos vendo dados alarmantes de depressão (entre jovens de 14 a 25 anos, 21% tem sintomas indicativos de depressão, sendo que entre mulheres esse número chega a 28%), ansiedade, e o crescimento expressivo dos suicídios no Brasil, onde uma pessoa tira a própria vida a cada 45 minutos, e no mundo, em especial na juventude onde 30% do total de adolescentes do Brasil entre 12 a 17 anos possuem transtornos mentais comuns.

A juventude negra ainda é vítima do genocídio feito pela polícia nas periferias. E isso infelizmente é uma realidade cotidiana. Todos os dias os jovens passam por humilhações e são assassinados pela polícia. Isso é porque o racismo é fortíssimo no Brasil. Dessa forma, esse é o papel brutal que cumpre a polícia e o Exercito. É só vermos o exemplo do Rio de Janeiro, a intervenção militar não diminuiu em nada a violência, apenas aumentou a repressão nas periferias. O caso recente mais gritante foi o trabalhador morto com 80 tiros. Esse trabalhador foi morto somente por ser negro. Dessa forma, basta ser negro no Brasil para ser vítima do genocídio.

A juventude negra também sofre com a questão do emprego, pois, devido ao racismo, são maioria no desemprego ou nos empregos informais, fazendo então com que sejam também mais afetados pela reforma da Previdência!

O governo ainda acabou de cortar verbas para universidades federais e institutos federais. Isso vai fazer com que, em muitos lugares, não terá dinheiro sequer para pagar as contas. Ainda por cima Bolsonaro teve a cara de pau de dizer que voltaria atrás nos cortes se a reforma fosse aprovada. Em primeiro lugar que isso é uma grande chantagem para a luta e a gente não vai cair em chantagem. Sabemos que tem sim dinheiro para a Previdência, basta tirar dos verdadeiros privilegiados, dos banqueiros. Em segundo lugar, porque o governo também quer privatizar a educação, e cortar faz parte desse projeto de desmonte!

Por fim, a situação então é essa: as escolas estão cada dia mais caindo aos pedaços, com os cortes nas universidades, vai ser mais restringido o acesso à universidade! Se a gente conseguir entrar, talvez não consiga se formar! E se conseguirmos nos formar, vamos sair e não achar emprego, ou ter só empregos precários e assim trabalharemos até morrer.

Esse é o projeto que defendem os capitalistas para a juventude trabalhadora! É por isso que não temos perspectiva de presente ou de futuro. E é por isso que devemos confiar na nossa luta e principalmente na nossa organização.

Organizar a luta contra a reforma nas escolas e universidades
Nossa tarefa agora é organizar a luta contra a reforma da Previdência nas escolas e universidades, e nos somarmos à construção da Greve Geral junto com o restante dos trabalhadores.  Temos que impulsionar o movimento estudantil dos nossos locais de estudo para fazer reuniões, assembleias e organização dos estudantes nessa luta. Já fomos protagonistas de lutas importantes: a ocupação das escolas que parou o país contra o fechamento das escolas e a reforma do Ensino Médio, a luta contra repressão nas universidades federais, contra os cortes, as lutas nas universidades estaduais no início desse ano. Agora, precisamos nos somar e mobilizar o movimento contra essa reforma absurda. Dia 14 de junho é greve geral e vamos parar tudo contra a reforma, contra os cortes da educação e em defesa dos empregos!

E o que nós defendemos?
Nós queremos apresentar uma saída socialista para a crise. Por isso, primeiro de tudo, defendemos o fim do pagamento da dívida pública, dívida essa que só ano passado deu mais de R$1 trilhão para banqueiros de outros países, dinheiro esse que poderia ter sido investido em educação, saúde, cultura, previdência, etc. Paulo Guedes e Bolsonaro dizem que querem um trilhão para recuperar o Brasil, então que tirem dos banqueiros e não dos pobres! Depois, todo esse dinheiro deve ser investido em áreas sociais. Para gerar mais empregos, precisamos de um plano de obras públicas, bem como a revogação da lei da terceirização e da reforma trabalhista, além de pôr abaixo de uma vez a reforma da Previdência! Também é preciso diminuir a jornada de trabalho sem reduzir os salários. Precisamos também estatizar e expropriar as empresas, e quem deve controlar é que produz, ou seja, os trabalhadores! Viu? É possível vencermos a crise dos capitalistas e construirmos uma vida digna, isso, entretanto, é a última coisa que Bolsonaro e seus agentes querem fazer!  Por isso, que só podemos confiar nas forças da juventude e dos trabalhadores!

Organize a sua Rebeldia!
Estamos todos com muita raiva e ódio da situação de vida em que estamos colocados, não aguentamos mais a exploração e a opressão. É por isso que precisamos muito lutar, mas, além disso, é importantíssimo a gente se organizar! Só nos organizando é que podemos fazer lutas e também lutar por uma nova sociedade, uma sociedade socialista. É para isso que existe o Rebeldia, uma organização de juventude que quer organizar cada um para lutar por uma revolução socialista. O Rebeldia é um movimento independente de todos os patrões e de qualquer governo; lutamos contra toda forma de opressão; somos internacionalistas, ou seja, achamos que a nossa luta contra o capitalismo deve se dar no mundo todo; temos independência financeira, não aceitamos dinheiro de empresas ou governos; somos socialistas e revolucionários, só fazendo revolução e construindo uma nova sociedade é que seremos realmente livres! Chamamos a todos para conhecer o Rebeldia e vir se organizar!

“A vida é bela. Que as futura gerações consigam livra-la de todo mal e opressão e possam desfruta-la em toda sua plenitude” Leon Trotsky