Macapá, de branco, e o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros
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Setores do empresariado, da prefeitura e até mesmo da imprensa bem que tentaram, mas não conseguiram. A chapa 1, apoiada pela CSP-Conlutas, venceu as eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, cuja apuração ocorreu na manhã desse dia 2 na cidade do Vale do Paraíba. Assim que o resultado foi divulgado, o Portal do PSTU falou com o presidente eleito do sindicato, Antônio Ferreira Barros, o Macapá, que contou sobre a campanha de terrorismo exercida pela GM e como eles utilizaram o Pinheirinho para atacar o sindicato.

Portal do PSTU – Qual sua avaliação dessas eleições?
Macapá – A categoria metalúrgica está de parabéns. Foram três meses de campanha. Dois projetos foram apresentados, o dos companheiros da CTB e o nosso. A participação dos metalúrgicos foi recorde na história desse sindicato. Demonstra que o sindicato vive o cotidiano dos trabalhadores e certamente o resultado da eleição fortalece a entidade e a categoria para encarar os desafios que estão colocados para o próximo período. A partir agora não tem mais chapa, queremos inclusive que os companheiros da outra chapa, que são da General Motors, se incorporem na luta conosco para lutarmos contra os ataques que a montadora tem feito contra nós.

Houve uma ofensiva muito grande da GM contra a chapa 1. Isso sinaliza algo para o próximo período? Podemos esperar mais ataques?
A GM apostou pesado. Pela primeira vez, a GM tentou mudar o curso de uma eleição em nosso sindicato. A empresa vem fazendo um processo de demissões que já foi inclusive considerado ilegal pelo Ministério Público do Trabalho, uma vez que atingiu trabalhadores lesionados, com doenças ocupacionais e que deveriam ter estabilidade no trabalho. Ao mesmo tempo, gerentes, supervisores, fizeram uma campanha de terrorismo muito violenta no chão de fábrica. E a GM tentou criar um clima dentro da fábrica de medo, insegurança e apreensão. Mas o empresariado sofreu uma derrota muito grande. Utilizaram um discurso falso, dizendo que o sindicato é ‘intransigente´, não negocia, que tem levado à diminuição nos empregos em nossa região. Isso é mentira, mas também é óbvio que não vamos abrir de um salário digno e de direitos. Os metalúrgicos perceberam isso e deram uma demonstração de apoio a um modelo de sindicato que organiza, que luta por direitos. Os desafios que estão colocados certamente são ainda maiores.

Fale um pouco sobre esses desafios
Vivemos um crescimento do setor metalúrgico em nossa região. Por um lado temos empresas importantes se instalando. Em Jacareí, por exemplo, tem a Schering, que é uma montadora que está abrindo aqui a primeira planta fora da China. A Sany, fábrica de tratores, também está se instalando aqui, com perspectiva de abertura de 5 mil empregos. O setor de Defesa, de aviação, vai ser puxado pela Avibrás e Embraer. Nós estamos abrindo um processo de negociação com a GM para discutir as propostas de investimentos para o próximo triênio aqui na região. As empresas vivem um momento muito bom em nosso país, e nós achamos que essa riqueza que é produzida pelos metalúrgicos, a partir do chão de fábrica, a partir da linha de produção, tem que ser uma repartida. Nesse sentido, vamos fortalecer nossa luta a partir das campanhas de PLR, para ampliar nossos direitos, em defesa dos melhores, porque essa é a realidade que está colocada nesse momento para os metalúrgicos da nossa região.

Como o sindicato está se preparando pra isso?
Os metalúrgicos devem ampliar sua organização. O sindicato está atuando junto às CIPAs, estamos buscando implantar em todas as empresas da nossa base delegados sindicais, estamos estimulando a criação de comissões de fábrica. Uma categoria só é forte se tem organização a partir do local de trabalho, para fazer as lutas e enfrentar os desafios que estão colocados.

A questão do Pinheirinho foi bastante utilizado nessa campanha contra a chapa 1. Fale um pouco sobre isso.
Tentaram utilizar a tragédia que foi a desocupação violenta do Pinheirinho como o centro da eleição no sindicato. Mas os metalúrgicos votaram em base a um balanço, no que foram os últimos três anos e a atuação do sindicato. Da luta que fizeram por salário, emprego, contra as doenças ocupacionais e em todas as vitórias que tivemos.