Perdas das montadoras em 2008
Arte: Gustavo Sixel

Concordata da General Motors mostra gravidade da crise econômica internacionalA concordata da GM é um símbolo da profunda crise do capitalismo. A montadora era a maior produtora de automóveis do mundo até 2008, quando foi ultrapassada pela Toyota, e um dos símbolos da potência econômica dos EUA.

Trata-se de um golpe forte na campanha de que “o pior passou”. Esse fato, por sua magnitude e importância política, merece ser discutido profundamente e respondido política e programaticamente na dimensão que tem, por todo o movimento operário mundial.

A indústria automobilística mundial é o setor de ponta da indústria. Nela, se constatam as tendências profundas da economia: a expressão maior da superprodução, as políticas do grande capital e dos governos para a saída da crise e os prenúncios de como será o futuro.

Essa indústria é capaz de movimentar diversos setores da economia. A cadeia produtiva começa na siderurgia, passa pelo setor de autopeças e manufatura e vai até a outra ponta, nas concessionárias. Essa característica faz com que o setor automotivo tenha grande importância na economia global, com as montadoras faturando US$ 2 trilhões em 2007 e representando 3,8% do PIB mundial.

Com a crise, as vendas e a produção despencaram. Em 2008, os prejuízos somaram US$ 52,8 bilhões no pior ano da história da indústria automobilística. Em 2009, a situação está piorando.

Das empresas que tiveram lucros em 2008, só duas repetiram o feito no primeiro trimestre de 2009, mesmo assim com fortes quedas. A Volkswagen teve US$ 313 milhões, e Hyundai, US$ 17 milhões. A Fiat, que em 2008 teve lucro de US$ 2,31 bilhões, já perdeu US$ 544 milhões no primeiro trimestre de 2009. Os prejuízos da GM, Ford, Daimler e BMW somaram US$ 9,25 bilhões.

A previsão é que em 2009 quase dez milhões de veículos deixem de ser produzidos, reflexo da mais aguda crise atravessada pela indústria nas últimas décadas. A produção de 2009 deve chegar a 51 milhões de unidades, aproximando-se da marca de 1990, quando não havia produção na China. Considerando as vendas de 2007, de 65 milhões de veículos, haverá uma queda de 14 milhões de veículos. Isso é o mesmo que fechar 140 fábricas com produção de 100 mil veículos ou ficar cinco anos sem produzir veículos no Brasil. A estimativa da CSM, consultoria especializada em mercado automotivo, é de que só em 2012 as vendas retomem o patamar de 2007.

A crise atinge todas as empresas
Durante algum tempo, se dizia que a crise era administrativa, que atingiria apenas as grandes norte-americanas (GM, Chrysler, Ford) que não souberam se modernizar. No entanto, a realidade é outra. Houve uma grande queda de 30% nos principais mercados, atingindo todas as marcas. Nos mercados asiático e brasileiro, o ritmo de crescimento diminuiu, com uma queda brusca no último trimestre de 2008.

As gigantes americanas amargam grandes dívidas. A Ford deve US$ 15,9 bilhões e a GM, US$ 62 bilhões. A Chrysler entrou em concordata e deve US$ 6,9 bilhões aos acionistas.

Em 2008, nem as poderosas marcas japonesas, símbolos de competência, saíram ilesas. A Toyota anunciou o primeiro prejuízo de sua história, de US$ 4,4 bilhões. No ano anterior, a empresa havia tido lucro de US$ 17,4 bilhões, superando a GM na liderança mundial de vendas. Para o próximo ano, a previsão é de perdas ainda maiores, atingindo US$ 5,5 bilhões.

A GM anunciou um prejuízo de US$ 6 bilhões no primeiro trimestre de 2009 e suas ações despencaram 20%, atingindo US$ 0,90 cada, o menor nível em 76 anos. Hoje, uma ação da GM vale menos que um cafezinho nos EUA.

Post author Luiz Carlos Prates “Mancha”, da Direção Nacional do PSTU
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