Manifestação do 8 de março em SP
Secretaria de Mulheres do PSTU

Marcela Azevedo, do Movimento Mulheres em Luta

Em 8 de março de 1917, as trabalhadoras russas iniciaram grandes manifestações contra a fome e a guerra, desencadeando uma revolução naquele país. Olhando para a realidade das mulheres no Brasil e no mundo, é essa a referência que precisa ser resgatada na data.

Na Ucrânia as mulheres têm demonstrado toda a sua disposição de luta, como parte da resistência à invasão russa. O levante das iranianas contra a opressão da ditadura teocrática de Raisi e da polícia moral evidenciou a superexploração e a miséria das mulheres, encobertos por dogmas religiosos. No Reino Unido, diversas categorias realizaram a maior greve em décadas, com uma forte presença feminina. No Peru, os povos originários, camponeses e trabalhadores em geral enfrentam a repressão do governo Dina Boluarte, mostrando que não basta ser mulher para ser aliada na luta contra a opressão e a exploração.

Basta de feminicídios, desemprego e fome

No Brasil, a opressão vivida pelas mulheres se intensificou nos últimos anos. O discurso machista de Bolsonaro e a falta de investimento em políticas públicas fizeram crescer a violência e a desigualdade de gênero, raça e classe. As mulheres trabalhadoras, especialmente as não brancas, são as mais penalizadas pela fome e o desemprego – o desemprego feminino é 55% maior que o masculino, e 47% das mulheres vivem em situação de insegurança alimentar.

As mulheres negras seguem liderando os piores índices de desemprego, remuneração e ocupação em emprego desprotegido (sem carteira assinada e sem direitos). Essa vulnerabilidade nos expõe a outras violências. No primeiro semestre de 2022 foram 31.398 denúncias de violência doméstica na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e 699 feminicídios. Em 2021 o Brasil liderou, pelo 13º ano consecutivo, o ranking do transfeminicídio.

Confira

Veja onde estão marcados os atos deste 8 de março pelo país

Nossas pautas

Pela legalização do aborto e revogação das reformas já!

Sabemos que a dependência econômica é um fator de vulnerabilidade à violência. Por isso, junto com medidas concretas para o enfrentamento à violência, punição aos agressores e a assistência integral às mulheres vítimas, o que requer investimento público para aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha e campanhas educativas, é preciso emprego, com salário digno, direitos sociais e trabalhistas. Para isso, é necessário revogar imediatamente as reformas trabalhista e previdenciária, a lei das terceirizações, acabar com a informalidade e garantir salário igual para trabalho igual.

Por outro lado, não podemos aceitar a política reacionária que criminaliza o aborto e condena milhares de mulheres pobres a arriscarem sua saúde e suas vidas em procedimentos inseguros para poder exercer sua autodeterminação.

Chega de hipocrisia, nós temos direito de decidir sem pagar com nossas vidas por nossa decisão, por isso defendemos a legalização do aborto, realizado de forma segura e gratuita pelo SUS.

Pela unidade da classe trabalhadora contra a opressão e a exploração

O capitalismo é um sistema de exploração e opressão de classe, que utiliza todas as outras formas de opressão para dividir os trabalhadores e superexplorar parte dela. Não é possível ser consequente na luta contra as opressões sem lutar contra o atual sistema capitalista que as fomenta e reproduz. Ao mesmo tempo, o machismo enfraquece a unidade necessária para derrotar o capitalismo, libertar a classe e as mulheres e construir o socialismo, de modo que somente um combate forte e quotidiano ao machismo no interior da classe, para avançar nas conquistas de direitos e fortalecer as mulheres trabalhadoras, pode assegurar a unidade necessária na luta pelo fim do capitalismo e pela construção do socialismo.

Por isso, neste 8 de março fazemos um chamado a todas as mulheres trabalhadoras, apoiadas pelos homens da nossa classe, que se somem às manifestações que ocorrerão em todo o país. Mas convidamos também para construir cotidianamente a luta contra o machismo, contra as desigualdades e a exploração impostas pelo capitalismo. Nossa força e garra têm muito a ajudar no avanço de nossas conquistas e na necessária construção da sociedade socialista, para retomarmos tudo o que a Revolução Russa havia garantido às mulheres daquele país e que segue sendo exemplo para todas nós.

Basta de feminicídio, desemprego e fome!

Legalização do aborto e revogação das reformas já!

Viva a luta internacional das mulheres!

Por uma revolução socialista que ponha fim ao machismo e à exploração!