Dia 15 de maio em Salvador: Mais de 70 mil contra os cortes na educação
PSTU-BA

PSTU-BA

As manifestações do 15 de maio foram gigantes, um verdadeiro tsunami da Educação. Professores, estudantes, técnicos administrativos de universidades e escolas ganharam o apoio de outras categorias e da população contra o corte de 30% no orçamento anunciado por Bolsonaro (PSL). Foi um dia histórico, que mostrou a força dos trabalhadores e da juventude, mais do que isso, de que a classe trabalhadora está de pé e segue forte na luta.

Na Bahia, além de Salvador, ocorreram em dezenas de cidades como Feira de Santana, Juazeiro, Cachoeira, Alagoinhas e Jacobina. Na capital, 70 mil marcharam do Campo Grande ao Centro Histórico. Em meio às faixas, cartazes e palavras de ordem contra Bolsonaro, ecoou também o grito contra os ataques que o governo Rui Costa (PT) faz contra a educação pública. Os professores das universidades estaduais estão em greve desde o dia 4 de abril, ao invés de negociar, o governador petista cortou o salário dos educadores.

Assim como Bolsonaro, Rui Costa meteu a tesoura nas verbas estaduais da educação, congelou salários e impôs um pacote de ajuste fiscal reajustando a alíquota da contribuição previdenciária dos servidores estaduais de 12% para 14%.

Entre 2017 e 2018, o governador petista deixou de aplicar R$ 110 milhões —diferença entre o valor orçado e o empenhado— nas quatro universidades estaduais baianas. Se levados em conta só os recursos com custeio, voltados para a manutenção, o orçamento chegou a ter redução de até 27,8% do previsto.

A Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana) teve o maior corte nas verbas de custeio, o volume de recursos caiu de R$ 65,9 milhões para R$ 47,7 milhões em 2018. Na Uneb (Universidade do Estado da Bahia), maior das quatro estaduais baianas, a queda foi de 14,4%: o orçamento inicial para custeio, que era R$ 119,2 milhões, caiu para R$ 102 milhões em 2018.

As restrições orçamentárias já atingem manutenção, custeio de terceirizados, desenvolvimento de pesquisa e atividades de extensão, afetando cerca de 60 mil estudantes.

Além das verbas para custeio, os investimentos também tiveram uma queda brusca nos últimos dois anos. Em 2018, o orçamento inicial previa R$ 37 milhões para investimentos, mas foram liberados apenas R$ 8,1 milhões.

Os salários de professores e servidores estão congelados desde 2015, o que levou à greve, iniciada em 4 de abril. O governador cortou o ponto dos grevistas. A Justiça determinou que os salários fossem pagos, Rui Costa recorreu e os trabalhadores seguem sem receber seus salários. Em quatro anos, a falta de recomposição inflacionária resultou numa perda de 26,7% no poder de compra dos professores e servidores, que também reclamam que o governo tem restringido promoções e progressões salariais.

Esta é a segunda greve nos 13 anos de governos petistas na Bahia. Em 2011, os professores ficaram 51 dias parados e também tiveram o ponto cortado pelo então governador Jaques Wagner (PT).

Apoio à greve
A greve segue. É preciso cobrir de solidariedade aos trabalhadores e estudantes das quatros universidades estaduais. A CUT e a CTB, as maiores centrais sindicais na Bahia, devem romper suas amarras com o governador petista. É preciso jogar todo o peso na greve das estaduais, da mesma forma que estamos lutando contra os ataques de Bolsonaro. A luta em defesa da educação pública e de qualidade não pode ter dois pesos, duas medidas.

A CUT e a CTB não podem fazer o maior barulho contra Bolsonaro e ficar mudas, silenciadas diante da greve das estudais. A CUT lançou apenas uma tímida nota de apoio, mas de concreto o que tem feito para enfrentar o autoritarismo do governador petista? CUT e CTB devem seguir o exemplo da CSP-Conlutas que apoiam incondicionalmente a greve. O problema central destas centrais sindicais está relacionado ao papel governista que desempenham dentro do movimento. Essas centrais têm que romper com Rui Costa. O governador petista não é aliado dos trabalhadores, pois governa com e para os ricos. Quem ataca a educação não é nosso aliado. Quem aplica o mesmo pacote de arrocho que Bolsonaro deve ser derrotado nas ruas.

O dia 15 de Maio mostrou que é preciso e possível derrotar os ataques, venham de quem vier, seja de Bolsonaro ou de Rui Costa. Se a CUT e a CTB continuarem caladas diante de Rui Costa, sem fazer nenhum esforço para derrotar o governador, serão atropeladas pelo movimento de massas.

O PSTU tem um lado nessa guerra: estamos ao lado dos trabalhadores e da juventude. Vamos jogar toda nossa força para construir a greve geral no Brasil no dia 14 de junho. A classe trabalhadora demonstra que não está morta. Está em pé, em marcha, em luta. Vamos intervir nesse processo com o objetivo de construir de uma saída socialista, revolucionária, construída pelos de baixo.