PSTU-Campinas

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Desde a campanha eleitoral em 2018 o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) sempre fez questão de afirmar uma política machista e conservadora, que dificulta ainda mais a vida das mulheres em nosso país. Durante o ano, Jair Bolsonaro colecionou, junto com Damares Alves (Ministério da Família), uma sequência de afirmações que defendem a submissão das mulheres, e inclusive, culpabilizando-as por situações de violência (quem não se indignou com Damaris afirmando que as meninas em Marajó eram violentadas porque não usavam calcinhas?). O discurso de ódio de Bolsonaro e de seus representantes, inclusive da ministra Damares, reforça o machismo e potencializa a violência.

E infelizmente, essas posturas conservadoras são reforçadas na sociedade, e possuem consequências muito concretas na vida das mulheres. O Brasil, que sempre esteve no topo da lista de países onde mais se agride e mata mulheres, tem visto esses dados aumentar.

Só no estado de São Paulo, para se ter uma ideia, houve um aumento de 76% de casos de feminicídio no primeiro trimestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2018, dados divulgados pela própria Secretaria de Segurança Pública do Estado. A cidade de Campinas tem a maior média do estado. Segundo os dados, a incidência em Campinas é de 3,18 casos de feminicídio a cada 100 mil mulheres, já a média do estado de São Paulo é de 2,4 mortes a cada 100 mil habitantes. No país, a média nacional é de 4,8 mulheres mortas por feminicídio a cada 100 mil habitantes. Os dados analisados são de 2015. Isso é o que mostra uma pesquisa inédita feito por pesquisadores da FCM (Faculdade de Ciências Médicas), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Até o final de outubro, a Região Metropolitana de Campinas registrava 12 casos de feminicídio, sendo que 6 deles ocorreram em Campinas.

Nem mesmo na época dos festejos de final de ano as mulheres estão um pouco mais seguras, pelo contrário. Na última semana do ano, em 48 horas, foram registrados 6 feminicídio no interior de São Paulo, 3 deles ocorreram na noite de Natal.

A realidade das mulheres, principalmente das mulheres trabalhadoras, é uma verdadeira barbárie. E mesmo diante dessa realidade, não vimos no decorrer do ano políticas públicas que diminuam o problema.

Temos pressa em combater a violência contra as mulheres!
O combate à violência contra as mulheres exige uma série de políticas públicas em diversas áreas. As mulheres precisam de segurança econômica, mais empregos e com melhores remunerações, casas abrigo, um sistema de saúde pública que lhe ampare nos casos de violência, com profissionais qualificados e equipamentos de saúde preparados para isso. A segurança pública também deve ter profissionais qualificados para acolher e dar resposta para essas mulheres. Devemos ter uma ampla discussão na sociedade sobre o significado do machismo e da violência de gênero. Entretanto, os governos, em especial o governo Bolsonaro, vão na contramão dessas necessidades.

Bolsonaro não só não tem política para combater a violência contra as mulheres como ainda contribui para agravar essa situação. Os gastos do governo com políticas de enfrentamento à violência foram quase zero até agora.  Nesse quase um ano de governo o que vimos foram uma série de ataques aos direitos da classe trabalhadora com a reforma da Previdência e a carteira de trabalho verde-amarela. Ataques que pesam ainda mais sobre as mulheres que já estão nos trabalhos mais precarizados e com os piores salários. Junto a isso o desmonte da saúde pública, além de atingir diretamente as mulheres vítimas de violência por não oferecer para as mesmas o suporte necessário, dificulta ainda mais a vida das mulheres trabalhadoras, que ficam ainda mais tempo nas filas dos hospitais, seja por elas próprias, seja com seus filhos ou familiares.

Os dados já demonstraram que a Lei Maria da Penha, de 2006, em nada resolveu o problema da violência doméstica. Os dados de 2015 demonstram que os casos de violência aumentaram. Muitos casos de feminicídio ocorreram contra mulheres que tinham medidas protetivas. O Estado e a sua Segurança Pública fracassaram em proteger as mulheres.

No campo da Educação, além dos ataques habituais da falta de verbas, dos baixos salários, da péssima infraestrutura, temos o agravante do discurso de ódio, que tenta criminalizar a discussão sobre a violência de gênero nas escolas. Por trás da política contra a suposta “ideologia de gênero” temos a perpetuação do machismo sem combate em nossa sociedade, naturalizando a desigualdade de gênero e entre suas diversas formas a violência contra as mulheres.

Por que as mulheres continuam sendo vitimas do machismo?
Não devemos nos iludir, o machismo tem sido uma arma importante para o capitalismo, e a violência contra as mulheres é para ele apenas um subproduto da sua necessidade de mais exploração. O capitalismo precisa estimular as diferenças, transformá-las em desigualdade, para assim explorar mais. Portanto, o combate ao machismo não é somente um problema ideológico. Temos de cortar as raízes que o alimentam, temos que destruir o capitalismo e, sob novas bases, construir uma outra sociedade sem opressão, e não será pela via eleitoral que faremos isso. Será com a organização da classe trabalhadora, com seus métodos de luta, com a construção da revolução socialista, que chegaremos a uma sociedade sem exploração nem opressão.

É por isso que, entra governo, sai governo, e as mulheres continuam sendo assassinadas. Porque, por trás das siglas dos grandes partidos, se escondem os interesses da burguesia, em fortalecer cada dia mais a economia capitalista.

Chegamos ao final de 2019 com insurreições e revoluções em vários países, em especial na América Latina. É a reação da classe trabalhadora, da juventude, do povo pobre e dos setores oprimidos aos projetos e governos capitalistas. Isso mostra que a classe trabalhadora não está derrotada.

A nós trabalhadoras nos resta o caminho da organização de nossa classe. Precisamos organizar uma frente ampla de luta para preparar a construção de uma greve geral no Brasil, para derrotar já Bolsonaro e Mourão. Precisamos construir uma organização revolucionária que lute por um governo socialista dos trabalhadores, no qual os de baixo governem em conselhos populares.