Na tarde de 5 de novembro, por volta das 15h, ocorreu uma tragédia na Mina do Germano, da Samarco. Empresa em que a Vale tem participação acionária de 50%, e a BHP os outros 50%.

Uma barragem de rejeito, com milhares de toneladas de lama tóxica, rompeu, levando a que uma onda percorresse toda a região arrasando tudo a sua frente.

Pode parecer, mas não foi um acidente. Não pelo menos no sentido de que era inevitável. Ao contrário, a maioria das mortes ocorridas na mineração é crônica anunciada. Esta não é uma exceção.

Nas horas anteriores ao rompimento da barragem, segundo o relato de vários trabalhadores, foram sentidos sinais de rachaduras, o que foi informado à empresa, mas a ordem foi seguir trabalhando.

Trata-se de uma barragem que está em funcionamento há mais de 20 anos, sem fiscalização do Estado e, conseqüentemente, sem manutenção por parte da empresa.

Mais de uma vez, e não apenas em relação à Samarco, mas também a Vale e a CSN, os trabalhadores e os sindicatos têm alertado sobre os altos índices de adoecimentos e de acidentes existentes na mineração.

Nos últimos anos, repetidas vezes tem sido proposta dos trabalhadores a criação de agentes de saúde e segurança para atuarem juntamente com as cipas e sindicatos e garantir uma inspeção cotidiana das condições de trabalho dentro das empresas.

O modelo predatório com que estas empresas trabalham para garantir o máximo de lucros no mínimo de tempo com os menores gastos possíveis, só pode gerar acidentes e mortes, como as que tragicamente ocorreram.

Nós, militantes do PSTU, nos solidarizamos com todas as vitimas desta catástrofe anunciada. Colocamos nossos recursos e forças a serviço destas companheiras e companheiros e estamos de luto junto com eles.

Exigimos de Pimentel e Dilma a punição exemplar dos responsáveis. A Samarco tem que ressarcir as vítimas e suas famílias de todas as perdas materiais que sofreram, reconstruir o distrito de Bento Rodrigues que foi completamente destruído e compensar o município pelos enormes danos ambientais.

Sabemos que nada disso será suficiente para compensar as vidas perdidas. Mas é uma forma de fazer com que as empresas sejam responsabilizadas pelos seus atos maléficos contra os trabalhadores e as comunidades.

Os trabalhadores, juntamente com seus sindicatos e organizações, precisam organizar grandes lutas para cobrar uma mudança na postura das empresas. O lucro não pode ser colocado como prioridade em relação à vida.

O PSTU defende todas as lutas em defesa dos trabalhadores. Também estamos nos colocando à disposição para o que for necessário neste momento de dor e sofrimento.

Mariana, 6 de novembro de 2015