A senadora Heloísa Helena, para manter-se coerente com sua condição de socialista e defensora dos interesses da classe trabalhadora, negou-se a votar em Henrique Meirelles para o Banco Central e em José Sarney para a Presidência do Senado, no que merece ser aplaudida.

Deputados da esquerda petista, por sua vez, questionaram em público a política econômica de Palocci – idêntica em tudo à de Malan.

Esses companheiros, taxados de “radicais“ pela mídia e pela direção majoritária do PT, receberam desta última um recado explícito: podem “divergir“, mas não podem votar contra nenhuma medida de interesse do governo. Se o fizerem, sofrerão punição que pode ir da advertência pública à expulsão.

O governo e a direção do PT têm acordo com as legendas da burguesia para a aprovação de Reformas que são iguais às de FHC: atacam os trabalhadores e beneficiam os banqueiros.

Aplaudido pelo FMI, PMDB; PFL e PSDB no seu ímpeto reformista, o governo quer que todos os parlamentares petistas votem unidos nas propostas do governo. E, como explicou Palocci no seu “duro“ recado aos “radicais“, ele pretende mostrar de forma clara “que o programa de governo de Lula, marcado pela moderação econômica, pela rejeição de mudanças abruptas de rumo e pelo aval ao acordo com o FMI é real e não só uma peça de campanha“

Para manter contratos com os banqueiros, o governo pretende romper contratos com os trabalhadores.

O PSTU é solidário com as posições da esquerda petista e tem suas portas abertas para estes companheiros, caso sejam expulsos ou caso decidam romper com o PT e com o governo.

Mais que isso, entretanto, o PSTU faz um chamado a todas as correntes socialistas que ainda se encontram no PT para que rompam com esse partido.

É necessário unir toda a esquerda socialista num novo partido revolucionário, que seja alternativa ao PT. Um novo partido anti-imperialista, anticapitalista, de classe, de luta e socialista. O PSTU é um partido assim, mas sabemos que existem revolucionários e socialistas também fora do PSTU. Por isso propomos uma Frente entre toda esquerda socialista. Debatamos democraticamente entre todos um programa, nos unamos numa ação comum nas lutas sociais e forjemos juntos um partido revolucionário e socialista de massas.

O PT, enquanto instrumento de luta por uma transformação radical da sociedade, morreu. Hoje, governa o país em aliança com banqueiros, grandes empresários, latifundiários e sob a batuta do FMI .

A esquerda que ainda se mantem no PT está neste momento diante de uma encruzilhada: ou defende as reivindicações imediatas e históricas dos trabalhadores e, portanto, se enfrenta com o governo e rompe com o PT. Ou capitula e deixa de ser socialista.

Sim, porque apenas “marcar posição“ em palavras, mas depois votar nas medidas neoliberais que estão sendo propostas significará ser cúmplice na aprovação de ataques duríssimos contra os trabalhadores. Votar, por exemplo, a próxima Lei de Diretrizes Orçamentárias, respeitando o FMI e a Lei de Responsabilidade Fiscal; o projeto de autonomia do BC, a Reforma da Previdência e as demais que estão em pauta, significará, na prática, apoio direto às exigências do FMI e ao projeto imperialista.

O papel reservado aos socialistas é outro. É o de mobilizar e organizar os trabalhadores contra a burguesia e o imperialismo, em defesa dos seus direitos, reivindicações, no rumo da construção de uma nova sociedade e de um governo dos trabalhadores.