Leia abaixo o relato de Zé Maria sobre a reunião

Na tarde desse dia 25 de março, na condição de presidente nacional do PSTU, me reuni com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, para tratar do inquérito policial encaminhado pela Policia Civil ao Ministério Público daquele estado, onde militantes do PSTU (Matheus Gomes e Gillian Vinicius), além de militantes do PSOL e de organizações anarquistas, são acusados de “organização de milícia”. Estes militantes, todos dirigentes do Bloco de Lutas de Porto Alegre, são responsabilizados no inquérito por roubo de patrimônio privado, que teria ocorrido durante as manifestações populares em Porto Alegre. A companheira Vera Guasso, presidente do PSTU-RS também participou da reunião.

Levamos ao governador a preocupação do PSTU com o processo de criminalização das lutas sociais e dos ativistas destas lutas que vem se alastrando por todo o país. E que, neste sentido, o inquérito em pauta era exemplar: uma verdadeira peça de amalgama político, onde dirigentes de organizações políticas e sociais que convocam uma manifestação popular são responsabilizados por um roubo que aconteceu no decorrer da mesma. E tudo sem que haja a mais mínima prova que vincule estes dirigentes ao roubo ou que dê qualquer substância à acusação. Trata-se de um inquérito montado em base a mesma doutrina de segurança nacional usada pelos militares durante a ditadura, isso 50 anos depois do golpe militar que instaurou o regime militar em nosso país e 30 anos depois do seu final.

Cobramos do governador Tarso Genro uma ação concreta contra este tipo de procedimento da polícia, que é subordinada ao governo do estado. Afirmamos que procedimentos deste tipo por parte da polícia são inaceitáveis, mesmo nas democracias limitadas como a que temos em nosso país, típica do capitalismo. Lembramos ainda que procedimentos assim também estão sendo adotadas pela polícia do governo de São Paulo (do PSDB), e do Rio de Janeiro (PMDB) – aliás, é importante registrar que relatório da CPI da Câmara Municipal de Porto Alegre que tratou do episódio da ocupação daquela casa legislativa, acusa e ataca várias entidades sindicais pelo apoio prestado ao movimento, tratando como crime as ações de solidariedade à luta e à reivindicação de redução do preço das passagens e melhoria da qualidade dos transportes para a população desenvolvidas por aquelas entidades.

O governador afirmou que está acompanhando o desenrolar dos acontecimentos. Ressaltou que “tem certeza de que as organizações envolvidas (PSTU, PSOL e anarquistas) não têm como modo de ação, nem orientam seus militantes a promoverem ações de que estão sendo acusados os militantes indiciados no inquérito”. No entanto, alegou ter condições limitadas de interferência no inquérito. O governador deixou aberto canal de diálogo sobre o assunto, ao mesmo tempo em que pediu para que se aguardasse o pronunciamento do Ministério Público.

Vera Guasso pediu ainda ao governador providências sobre ameaças e atitudes de intimidação que integrantes da Brigada Militar estão adotando contra o dirigente do PSTU, Matheus Gomes, um dos indiciados no inquérito.

Estes acontecimentos no Rio Grande do Sul são uma expressão local do que está acontecendo em todo o país. Governos dos estados e governo federal intensificam a repressão policial contra os protestos populares e tratam de aumentar a criminalização das lutas sociais. Tentam assim impedir o avanço das lutas em defesa das demandas populares.

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