Opinião Socialista – A adesão ao Encontro surpreendeu as expectativas mais otimistas. A que se deve isso e qual o significado deste Encontro na tua opinião?

Zé Maria – Não só o número de presentes, mas a alegria dos presentes são expressões da importância que o Encontro pode ter como passo concreto na ruptura do bloqueio às lutas dos trabalhadores que vem sendo exercido pelas centrais, inclusive a CUT. Não se trata apenas da revolta contra a reforma Sindical e Trabalhista, ele expressou também uma explosão do descontentamento represado com o governismo da direção da CUT.

O Encontro possibilitou a reunião de todos que querem lutar. Por isso a alegria de cada ativista ao ver que existe milhares como ele e que é possível romper o isolamento e unir forças para lutar. A aprovação de um plano de ação unitário e a constituição de uma Coordenação Nacional de Lutas, cria as condições para que se desencadeie um processo de lutas, que pode se constituir numa alternativa de direção para as lutas dos trabalhadores de todo o país. Papel que caberia à CUT, mas que foi abandonado, dado sua cumplicidade com a política do governo, em particular agora com a Reforma Sindical e Trabalhista.

Este encontro, portanto, se aplicar tudo que definiu, pode adquirir uma importância histórica na construção de uma direção alternativa, de luta, classista e democrática para o movimento dos trabalhadores. Os 1800 que surpreenderam mesmo os mais otimistas são expressão da força que esse processo parece ter pela base.

Quais serão os principais passos pós Encontro?

A primeira tarefa fundamental é reproduzir em cada estado Encontros como esse que realizamos em Luziânia, reunindo todos os ativistas, dirigentes e entidades que estejam dispostos a encaminhar esse processo de lutas. Esses Encontros devem discutir as reformas, concretizar a implementação do Plano de Ação em cada estado e também devem constituir uma coordenação Estadual de lutas para construir a mobilização. Dois desafios fundamentais em termos de mobilização devem ser encarados nos Encontros estaduais: – construir no 1º de maio manifestações contra a Reforma Sindical e Trabalhista, agregando as demais bandeiras dos trabalhadores, como emprego, salário, reforma agrária e a luta contra a Alca, o FMI e a Dívida Externa; e a construção da grande manifestação em Brasília convocada pelo Encontro Nacional. Além disso, é necessário organizar debates, seminários e plenárias nos Sindicatos e regiões, para conscientizar os trabalhadores das consequências nefastas da reforma proposta pelo FNT.

Como fica a questão da Coordenação Nacional de Lutas?

A Coordenação Nacional de Lutas foi constituída no Encontro Nacional contando com a participação de todas as entidades que já têm uma posição definida a esse respeito. É uma Coordenação aberta, o que permitirá, portanto, que as entidades e setores que ainda não estão de acordo com sua constituição – como se expressou no próprio Encontro – possam aderir a ela futuramente.

No entanto, a Coordenação tem um papel decisivo desde agora, que é o de organizar a luta, como foi dito por Dirceu Travesso no debate de conjuntura. A Coordenação deve garantir a implementação desse calendário de mobilização e fortalecer a organização dos trabalhadores em cada estado.

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