Presidente do PL solta o verbo à revista Época e envolve Lula: “Não dá para crucificar só um“Depois do bombástico depoimento de Duda Mendonça na CPI nesta quinta, 11 de agosto, o ex-deputado e presidente do PL, Valdemar Costa Neto, deu uma entrevista à revista Época, que chegou às bancas no dia 12, colocando mais lenha na fogueira.

As informações mais recentes sobre a corrupção estão apontando cada vez mais para a responsabilidade de Lula. Duda Mendonça disse que a campanha do presidente foi bancada com dinheiro de caixa dois, que era enviado para uma conta que o marqueteiro abriu no exterior. As explicações sobre o empréstimo que o PT fez ao próprio Lula não convenceram. Agora, Valdemar afirma que Lula participou das negociações entre PT e PL para apoio político nas eleições em troca de dinheiro.

Compra de apoio
O ex-deputado conta na entrevista como foram as negociações entre o PT e o PL que resultaram na compra do apoio deste último partido para a campanha eleitoral de 2002. Valdemar conta que os partidos não estavam chegando a um acordo, pois o PL pedia ao PT uma doação de R$ 20 milhões para que José Alencar fosse vice de Lula. O objetivo, segundo o próprio Valdemar, era pedir R$ 20 milhões “para levar uns R$ 15 milhões”. O PT não concordava com esse valor. O PL então pensou em divulgar uma nota dizendo que não faria a aliança. Neste momento, José Alencar ligou para Valdemar, dizendo que Lula viria pessoalmente discutir o assunto.

“A reunião foi no apartamento do deputado Paulo Rocha (PT). Estavam lá o Lula, o José Alencar, o Dirceu e o Delúbio”, conta Valdemar. Com essa última reunião, fechou-se a coligação em troca de R$ 10 milhões ao PL. O ex-deputado Valdemar reforçou a importância da participação de Lula e disse que o presidente sabia das negociações sobre o dinheiro que seria doado ao PL. “Ele sabia. O presidente sabia o que a gente estava negociando. Olha, ele e o Zé Dirceu construíram o PT juntos. O Lula sabia o que o Dirceu estava fazendo. O Lula foi lá para bater o martelo”, afirmou Valdemar.

Acusado de ser um dos operadores do mensalão, Valdemar ainda disse que “Lula foi lá pra autorizar essa operação. E não vejo nada de mais. Ninguém esperava é que desse essa lambança”. Valdemar contou que o dinheiro só foi pago depois que Lula assumiu a presidência e que o que foi pago não chegou aos R$ 10 milhões combinados. Os pagamentos eram feitos ao tesoureiro do PL, Jacinto Lamas, a princípio, através de cheques da SMP&B destinados a uma empresa chamada Garanhuns, que eram trocados por dinheiro em São Paulo. Depois, outros esquemas foram armados, para pagamentos em dinheiro, feitos em hotéis e até restaurantes, ou através de saques no Banco Rural.

Coisa de família
Sobre o grau de envolvimento de Dirceu e Lula no esquema, Valdemar afirmou que “Delúbio, Lula e José Dirceu são a mesma família. Por que, agora, na desgraça, só um vai pagar? Tenho certeza de que o Dirceu nunca fez nada que o presidente não aprovasse”.

As denúncias de Valdemar, somadas às afirmações de Duda Mendonça sobre o caixa dois da campanha de Lula e a conta no exterior, elevam a crise política do governo a um patamar superior. Com a conta no exterior, cai por terra a tese de que tudo se resumia a crime eleitoral e a operação para fazer um acordão entre PT, PSDB e PFL fica ainda mais ameaçada. Com as declarações sobre a participação de Lula, cai a armadura do presidente. O rei está nu…