Se o PT desejasse de fato “derrotar a direita”, não teria escolhido governar para banqueiros e empresáriosAs últimas pesquisas mostram a candidata do governo, Dilma Rousseff (PT), não só à frente de José Serra (PSDB), candidato da oposição de direita, como também aponta a possibilidade de a petista vencer as eleições já no primeiro turno – na última pesquisa Datafolha, ela aparecia com 47% das intenções de voto. A ex-ministra abriu uma vantagem de 17 pontos percentuais sobre o tucano, que soma 30%.

Por outro lado, contribuições das empresas e dos bancos às campanhas mostram que, cada vez mais, uma maioria da burguesia começa a se inclinar a favor de Dilma. A petista lidera a lista de arrecadações e gastos, com R$ 10,1 milhões, seguida da candidata do PV, Marina Silva (R$ 3,5 milhões) e de Serra (R$ 2,6 milhões).

É importante lembrar que esses números são apenas uma primeira parcial do total dos gastos dessas milionárias campanhas, o que corresponde a 3,8% do previsto.
Oficialmente, a soma da estimativa de gastos declarados dos três candidatos ao TSE é de R$ 427 milhões. Diante dessa situação, a The Economist, importante revista britânica que representa o capital financeiro, publicou uma matéria afirmando que Dilma “caminha para herdar a Presidência de Lula”.
Essa situação vem provocando uma crise na campanha de
Serra. Muitos candidatos a governador já estão “escondendo” o tucano em suas campanhas. Mas isso não significa que importantes setores da burguesia tenham desistido de uma opção “mais tradicional” de governo burguês, expressa pela figura do ex-ministro de FHC. Por essa razão, muitos setores da grande mídia continuam fazendo campanha explícita em prol da candidatura do PSDB.

Voto útil
A possibilidade de uma vitória de Dilma no primeiro turno e de derrota da direita vem gerando uma pressão pelo voto útil entre os trabalhadores.

Os apoiadores de Dilma vão dizer que é necessário evitar a volta da direita e, por isso, é preciso votar no PT. Mas a quem interessa o voto útil?

Se o PT desejasse de fato “derrotar a direita”, não teria escolhido governar para banqueiros, empresários e latifundiários nesses últimos oito anos.

Muitos trabalhadores creem que Lula governa para eles. Mas nesta edição vamos mostrar que isso é um engano. Em seus oito anos de governo, o presidente atacou de diversas formas os trabalhadores, fez alianças com os setores mais atrasados da direita e proporcionou lucros recordes a bancos e empresas – maiores, inclusive, do que os proporcionados pelo governo FHC.

Um país mais endividado
Tanto PT quanto PSDB representam hoje a mesma política econômica que sustenta o neoliberalismo no país, provoca arrocho nas contas públicas e prioriza o pagamento da dívida pública contra investimentos na saúde, educação, habitação e reforma agrária.

No entanto, “nunca antes na história deste país” se pagaram tantos juros e amortizações da dívida pública como nos últimos oito anos. Desde 2003 até agora, foram pagos cerca de R$ 2 trilhões. Esse valor é muito superior ao que foi pago pelo governo de FHC – R$ 1,23 trilhão em valores atualizados.

O mais trágico, porém, é que a dívida não parou de crescer. Mesmo despejando toda essa montanha de dinheiro, o tamanho da dívida pública aumentou 13% em 2009, alcançando R$ 2,1 trilhões. Até o final do ano, o governo Lula terá pago em juros e amortizações um valor maior do que a própria dívida.

Diferente da propaganda, a dívida externa também aumentou. Atualmente acumula 282 bilhões de dólares. O déficit de conta corrente (rendimentos fiscais menos pagamentos) pode chegar neste ano a 60 bilhões.

Essa lógica do absurdo tem consequências. A primeira é que um aumento da crise econômica internacional encontraria o Brasil em condições bem mais frágeis do que na primeira fase da crise em 2008. A segunda é que todo esse dinheiro é desviado do orçamento da reforma agrária, saúde, educação, entre outros serviços destinados às necessidades populares.

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