A corrupção escancarada e os constantes ataques aos direitos dos trabalhadores deixaram a população trabalhadora desconfiada dos políticos profissionais e dos grandes partidos. Mas eles continuam dominantes e seguirão reinando enquanto os trabalhadores não construírem sua alternativa política.

Nestas páginas do Opinião, vamos mostrar que nem todos os partidos são iguais. Nas reportagens abaixo, você verá que o PSTU é diferente porque prioriza a luta direta dos trabalhadores e da juventude e não é parte do vale-tudo eleitoral. A campanha das candidaturas operárias na região do Vale do Paraíba, em São Paulo, é um exemplo de como utilizar as eleições como ponto de apoio das lutas sociais. No setor de petroleiros, nossos candidatos estão em piquetes e mobilizações para reforçar a campanha salarial da categoria. Nossos candidatos são sindicalistas e jovens que sempre lutaram em defesa dos trabalhadores. Suas campanhas são sustentadas apenas pelo esforço de cada um de nossos apoiadores. Trabalhadores que muitas vezes fazem de suas casas comitês de campanha. Queremos mostrar que o voto nos candidatos do partido significa o fortalecimento de uma estratégia revolucionária de transformação da sociedade.

Na grande maioria das cidades, a campanha eleitoral tem sido apática e fria. Mas em São José dos Campos (SP) existe uma grande movimentação nas fábricas, nos bairros operários e no Pinheirinho, uma ocupação que reúne em torno de 1.800 famílias, ou 9.600 pessoas.

Nessas regiões, as candidaturas operárias do PSTU centram suas campanhas, com Toninho Ferreira candidato a deputado federal, o metalúrgico da GM Renato Bento, o Renatão, candidato a deputado a estadual, assim como Valdir, ou simplesmente Marrom.
“Muita gente vem declarar apoio. Muitas pessoas vêm buscar material, como banners, cavaletes e panfletos. Tem trabalhador da construção civil que leva o cavalete para colocar em frente à obra. Isso é um ótimo indício. Mostra que as pessoas estão assumindo a campanha”, conta Toninho.

“Nossa campanha tem força nas fábricas. Vamos quase todos os dias. Amanhã vamos visitar fábricas de químicos e vidreiros”, afirma Renatão, que já realizou muitas visitas aos operários da GM.

A campanha das candidaturas operárias na região do Vale do Paraíba é um exemplo de como utilizar as eleições como apoio às lutas sociais. Também mostra que é possível, com o apoio dos trabalhadores, furar o bloqueio da mídia e das campanhas milionárias da burguesia e impactar a cidade.

No dia 4, por exemplo, uma carreata das candidaturas do PSTU na região reuniu 103 carros, aproximadamente 30 motocicletas e um número incontável de bicicletas. “Parecia um vespeiro. Não consegui nem encontrar minha esposa no meio da multidão”, relata Toninho.

A carreata saiu do Pinheirinho e passou pelos bairros Campo dos Alemães, Colonial, União, Morumbi, Bosque dos Ipês, Paraíso, Satélite, Bosque dos Eucaliptos, Dom Pedro, Cruzeiro do Sul e Imperial, entre outros da zona sul de São José. “Estava todo mundo de vermelho, com a camiseta do PSTU, muitas bandeiras. Foi uma festa do partido. A militância ficou muito animada. Foi uma grande demonstração de força do PSTU na região sul”, diz Toninho.

Uma campanha popular
“Ô Marrom, tem uma camiseta aí?”, pergunta um morador do Pinheirinho, uma das maiores ocupações urbanas da América Latina, ao se aproximar de Valdir Martins, candidato do PSTU a deputado estadual e uma das principais lideranças do movimento por moradia na região. “Tem não rapaz, acabou”, responde Marrom, “mas daqui a pouco chega mais”. O repórter questiona Marrom sobre a qual camiseta o morador se referia. “A camiseta do PSTU, ué, da campanha, que estamos vendendo a R$ 7”.
O diálogo expressa a marca da campanha de Marrom no Pinheirinho: o apoio amplo e espontâneo dos moradores. “Se antes precisávamos convencer as pessoas politicamente a apoiar nossas campanhas, agora elas vêm aqui espontaneamente, pegam materiais, se incorporam às equipes”, explica o candidato.

Em um dos três comitês de campanha de Marrom no Pinheirinho, o candidato aponta um mapa da cidade pregado na parede, com alguns bairros circulados em vermelho. São as regiões que já foram “cobertas” pela campanha, impulsionada por três equipes que somam 100 pessoas. Na campanha de Marrom, se o apoio vem espontaneamente, a ação se dá de forma planejada. Assim como a própria organização dos moradores da ocupação. Cada equipe é responsável por uma atividade: panfletar, empunhar bandeiras ou simplesmente conversar com as pessoas.

É só caminhar pelo Pinheirinho para comprovar o apoio da população. Pelas ruas poeirentas castigadas pela estiagem, alguns poucos cartazes impressos do candidato disputam espaço com faixas improvisadas pelos próprios moradores. Grande parte escrita à mão, sobre uma cartolina, alguns até com erros de português. Demonstração de que a falta de moradia digna ou educação não tirou dessa gente a vontade de lutar. E é justamente isso o que vem impulsionando a candidatura de Marrom. “Estamos tendo uma importante vitória com a regularização da ocupação, depois desses anos de luta, e as pessoas viram que é só com luta que conquistamos direitos, como a moradia”, explica.

Marrom se refere ao processo de regularização que os moradores do Pinheirinho estão conquistando em nível municipal, estadual e federal. Recentemente, a prefeitura realizou o cadastramento dos moradores. Foi a primeira vez que o estado não esteve na ocupação para reprimir ou intimidar.

Feiras
Nas visitas às feiras da cidade, os ativistas da campanha “varrem” os locais com 50 ou 60 pessoas, que conversam com a população e entregam os materiais de campanha. “Quando vamos a uma feira popular, se forma uma roda de pessoas para conversar com a gente. Tem até feirante que pede cartaz para colocar na sua casa”, conta Toninho.

Muitos operários que moram na ocupação levam materiais como cavaletes da campanha, com as fotos e os números de Marrom e Toninho. Armam o cavalete em frente à fábrica quando entram e guardam-no no final do expediente, para repetir o feito no outro dia.

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