Montadora é a terceira a anunciar medida em outubroA Volkswagen vai conceder férias coletivas de dez dias para 1.800 metalúrgicos e funcionários da unidade de São José dos Pinhais, no Paraná. A medida vai atingir metade da do efetivo da fábrica. Na unidade do Paraná, são produzidos diariamente de 810 a 870 veículos dos modelos Golf, CrossFox e Fox. A medida também afetou fornecedores. Pelo menos quatro concederão férias a seus funcionários.

Além disso, a montadora já distribuiu nas suas unidades de São Bernardo do Campo e Taubaté, em São Paulo, uma carta a todos os funcionários anunciando que deverá tomar medidas drásticas nos próximos meses. Soma-se, ainda, o fato de o Plano de Demissão Voluntária (PDV) estar em pleno vigor. Na linha de produção, os metalúrgicos já começam a temer demissões em massa.

A Volks é a terceira montadora a anunciar a suspensão temporária da produção desde o início deste mês. A General Motors e a Fiat já tinham anunciado férias coletivas em suas unidades de São Paulo e Minas Gerais. A GM reduziu de 90 mil para 80 mil a expectativa de exportação por conta de queda de encomendas.

A Honda também paralisou a fábrica de automóveis, dando férias coletivas. Para diminuir a produção, a Renault decidiu acionar o sistema de banco de horas na fábrica de São José dos Pinhais. Em declaração ao Valor Econômico, do último dia 29, o presidente da Renault do Brasil, Jérôme Stoll, prevê um recuo de 10% a 15% da produção para os próximos três meses. Na unidade da argentina, já foram demitidos 300 funcionários.

Lucros recordes
Engana-se que a Volks esteja amargando prejuízos. A multinacional alemã teve um crescimento de 50% dos lucros em 2007. As vendas aumentaram 7,4% no ano passado, para 6,19 milhões de veículos, impulsionadas pela forte demanda da China, do Brasil e da Europa Oriental. O lucro líquido do ano passado foi de 4,12 bilhões de Euros (US$6,25 bilhões), ante 2,75 bilhões de Euros em 2006.

Por outro lado, no último dia 28, em meio às turbulências das bolsas, as ações montadora dispararam 93,27% depois que a Porsche anunciou a intenção de ficar com 75% das ações da empresa.

Crise geral
O anúncio da Volks também ilustra o impacto da crise econômica sobre a indústria automobilística. O setor é a terceira maior vítima da crise mundial, logo atrás do setor financeiro e de construção. Nos EUA, a GM está prestes a pedir concordata, junto com a Chrysler. A Ford também está pensando no assunto, enquanto a Toyota amarga prejuízos históricos.

Segundo a agência Reuters, o Departamento de Tesouro dos EUA estuda ajudar financeiramente uma possível fusão entre as montadoras GM e Chrysler. Estima-se que o governo norte-americano injete um valor em torno de US$5 bilhões na fusão. Também se especula uma demissão em massa que poderá atingir milhares de trabalhadores.