Por Rodrigo de Melo Machado, militante LGBT do PSTU-DF

Há 49 anos, no bar Stonewall, em Nova Iorque, as LGBTs se revoltavam contra os policiais e não aceitavam mais uma batida com agressões e violações.

Naquele período, a homossexualidade era considerada uma doença, o que fazia com que as LGBTs fossem constantemente atacadas pela polícia e presas tanto por estar vestidas com roupas “femininas” quanto por consumir bebidas alcoólicas ou se socializar com seus pares LGBTs.

Em 28 de Junho de 1969, elas formaram barricadas, trancaram os policiais no bar, incendiaram e arremessaram pedras enquanto eles tentavam sair. Assim, venceram as agressões injustas de seus opressores.

Surgia o movimento de luta pela libertação homossexual, que conseguiu derrubar os instrumentos legislativos que prejudicavam os LGBTs nos Estados Unidos, forçando a Associação Americana de Psiquiatria a repensar a classificação tradicional de homossexual como doente e ganhou cobertura ampla das suas reivindicações básicas: fim da discriminação no emprego e na habitação, fim dos ataques policiais a comunidade homossexual, direitos dos professores etc.[1]

É no centro da luta, da mobilização, através de tijolos e garrafas arremessados, do enfrentamento direto que surge a luta contra as opressões LGBT.

O movimento ultrapassou em seus objetivos os movimentos pelos direitos civis vindos de pequenos grupos homossexuais que se organizaram nos anos 50 contra os ataques vindos do governo de Joseph MacCarthy.

Eu sempre vou lembrar essa história porque vejo nela a chave para a libertação LGBT. A luta, o confronto. Confronto esse, que é atravessado pela luta de classes, pois a vivência da opressão LGBT, na classe média e na periferia, acontece de formas MUITO DISTINTAS.

Nossas identidades e interesses se constroem de formas diferentes, e é por isso que, como LGBT da classe trabalhadora, submetido às pressões diárias do trabalho informal, eu defendo que só pela luta conseguiremos verdadeira libertação. Luta essa que precisa extrapolar a luta por direitos civis e encabeçar a luta por uma outra sociedade.

Em tempos de estatutos da família, perseguição ao ensino do respeito à diversidade e propagação do ódio que mata nossas irmãs LGBTs todos os dias, eu digo:

A revolução será LGBT, Negra e Feminina ou não será!

Viva o dia do orgulho LGBT! Que a memória da luta dos que morreram encorajem nossas lutas hoje!

Só a luta muda a vida!

[1] Indicação de leitura: Hiro Okita, Homossexualidade: da opressão à libertação. Editora Sundermann.